sábado, 16 de setembro de 2023

ERA DE CRISES E CONFLITOS

 

ERA DE CRISES E CONFLITOS


SETEMBRO 2018

Vivemos numa era de crises e conflitos demolidores, da nomofobia (1) das redes sociais, do descartável, do provisório, do ficar sem nada reter, de relações sem sentimentos, sem saudade, sem consistência e sem coerência.

A liberdade se vive numa encruzilhada, a felicidade é consumida à deriva sem emoção e sem razão; luxo, luxúria e lixo se misturam numa interioridade abismal destrutiva. Nada é sólido, duradouro, eficaz, abissal, coerente; predomina a velocidade neoconstrutivística da ditadura virtual, parcial, banal, superficial e infernal! 


A vida é condicionada no raso, no riacho seco, no deserto, nas dúvidas, nas incertezas, no medo e nas inverdades. De tanto ver e ouvir a violência ela responde com tamanha agressividade. A vida se perde num emaranhado de banalidade sem piedade. Não há mais remoço, arrependimento e nem responsáveis por essa tão grande brutalidade. A realidade é articulada para confundir, desiludir, incompatibilizar, não pensar, desesperançar e precipitar em caos. 


Angustia, ansiedade, fobia, desespero, depressão resultam de uma sociedade opressora, a pressão pelo ter, pela posse obsessiva de bens materiais, a idolatria das marcas, adorar o ídolo da onda, gastar sem poder no templo pós-moderno do consumo Shopping Center, daí cai nas cadeias das dívidas, vive oprimida, sufocada sem pode sair dessa prisão financeira e psicológica. Em tudo isso tem combinação traumática: perda da dignidade, de amizades verdadeiras, da afetividade, do à libido; se entrega a dependência emocional, se anula e cedem aventuras perigosas, fuga nos vícios, nos antidepressivos e na pior atitude no crime. 


As redes sociais, novas tecnologias, novas modalidades familiares, ideologias liberais tornaram-se teatros escancarados de cenas chocantes, bizarras e escandalosas sem arte, sem o belo, sem pedagogia e sem o porto seguro do amor. O fator aparecer, sem ser, a imagem parada, trocada, fingida, revela o ser humano anestesiado numa contínua peça de fantoche. Penetra na mentalidade uma configuração que tudo é permitido, tudo pode. Perde o senso crítico do bem comum, perde o respeito pela justiça, perde os valores da vida, perde a caridade pelo próximo, perde a tolerância, a educação, a delicadeza e se acomoda a não mudar a terrível autodestruição de si mesmo e da decadente sociedade. A catástrofe é fazer apologia à corrupção, ser conivente e se calar diante dela e de tantos outros atos criminosos que destroem o Brasil e o mundo. 


As crises existenciais e os conflitos sociais podem ser desconstruídos na tomada da verdade consigo mesmo, na ortodoxia dos valores morais e na nobre defesa do Estado de direito e a respeitabilidade pela dignidade da pessoa humana. 


Nota do site: Nomofobia é a fobia causada pelo desconforto ou angústia resultante da incapacidade de acesso à comunicação através de aparelhos celulares ou computadores. ... É um termo muito recente, que tem origem nos diminutivos inglês No-Mo, ou No-Mobile, que significa Sem telemóvel. 



Dr. Inácio José do Vale 

Psicanalista Clínico, PhD

Escritor e Conferencista 

Professor de Pós-Graduação na Faculdade Norte do Paraná 

Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea/RJ. E da Ordem Nacional dos Psicanalistas/RJ.

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