domingo, 17 de setembro de 2023

DEUS E O CONFLITO RELIGIOSO

DEUS E O CONFLITO RELIGIOSO


O sistema tem encurralado a humanidade ao desespero e quando a fuga é o fator religioso o sagrado é o mercado via a herética teologia da prosperidade, o sectarismo e o fundamentalismo aguerrido.

Quando não há a indiferença acerca de Deus, existe abertamente a sua negação, no entanto, Deus pode ser bastante propagado pelo sistema capitalista em várias modalidades do sincretismo a arte do cinema. Dentro desse contexto seus adeptos seguem um espiritualismo eclético sem compromisso de transformação social e sem a ortodoxia da eternidade.


Todo seguimento está encurralado em prisões e sem espaço de libertação e o mais terrível por demais perturbador é o sistema religioso com suas vertentes diversas, igrejas, denominações, seitas, cismas, desigrejados e os revoltados. A nossa era é mais assassina no sistema  religioso do que as eras passadas. As incompatibilidades religiosas escandalizam o mundo que ainda acredita no Criador.


CONFLITOS RELIGIOSOS


Depois da II Guerra Mundial, a ONU adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que colocava em pauta o “respeito universal e observância dos direitos humanos e liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião”. O ideal foi reforçado em 1999, ano em que líderes budistas, protestantes, católicos, cristãos ortodoxos, judeus, muçulmanos e de várias outras religiões se reuniram para assinar o “Apelo Espiritual de Genebra”. O documento pedia aos líderes políticos e religiosos algo simples: a garantia de que a religião não fosse mais usada para justificar a violência. Passados muitos anos e outras muitas tentativas de garantir a liberdade religiosa, grande parte dos conflitos que hoje acontecem no mundo ainda envolve crenças e doutrinas, que se misturam a uma complexa rede de fatores políticos, econômicos, raciais e étnicos.


Nigéria


Não é apenas o rio Níger que divide o país africano: a população nigeriana, de aproximadamente 148 milhões de habitantes, está distribuída em mais de 250 grupos étnicos, que ocuparam diferentes porções do país ao longo dos anos, motivando constantes disputas territoriais. Divididos espacialmente e ideologicamente estão também os muçulmanos, que vivem no norte da Nigéria, e cristãos, que habitam as porções centro e sul. Desde 2002, conflitos religiosos têm se acirrado no país, motivados principalmente pela adoção da sharia, lei islâmica, como principal fonte de legislação nos estados do norte. A violência no país já matou mais de 10 mil pessoas e deixou milhares de refugiados (1).


"O OCIDENTE TORNOU-SE O TÚMULO DE DEUS"


"A verdadeira crise que enfrenta o nosso mundo agora não é essencialmente econômica ou política, mas uma crise de Deus e ao mesmo tempo uma crise antropológica", escreve o Cardeal Robert Sarah prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, numa reflexão publicada na última edição da revista 'Vita e Pensiero'. "Claro, hoje falamos apenas da crise econômica: no desenvolvimento do poder da Europa - depois das suas orientações religiosas e éticas originárias - o interesse econômico tornou-se determinante e cada vez mais exclusivo".


"A cultura ocidental - escreve Sarah - foi gradualmente sendo organizada como se Deus não existisse: muitos hoje decidiram prescindir de Deus. Como diz Nietzsche, para muitos no Ocidente, Deus está morto e fomos nós que O matamos, nós somos os seus assassinos e as nossas igrejas são as criptas e os túmulos de Deus.


Um grande número de fiéis já não às frequentam, já não vão mais à igreja, para evitar sentir a putrefacção de Deus; mas ao fazê-lo, o homem já não sabe quem é nem para onde deve ir: há uma espécie de retorno ao paganismo e idolatria; a ciência, a tecnologia, o dinheiro, o poder, o sucesso, a liberdade até o amargo fim, os prazeres sem limites são, hoje, os nossos deuses”.


Certo, existem problemas enormes, situações muitas vezes dolorosas, uma existência humana difícil e angustiante; ainda assim, devemos reconhecer que é Deus que dá sentido a tudo. As nossas preocupações, os nossos problemas, os nossos sofrimentos existem e preocupamo-nos, mas nós sabemos que se resolvido n'Ele, sabemos que é Deus ou nada, e percebemo-lo como uma evidência que se nos impõe não a partir do exterior, mas do interior da alma, porque o amor não se impõe pela força, mas seduzindo o coração com uma luz interior", afirma o Cardeal Robert Sarah (2).


CONCLUSÃO


Se o século XX deu origem à era da guerra total, como afirmou o renomado historiador inglês Eric Hobsbawm, o século XXI inaugura a era da insegurança e da eminência mundial de uma nova onda de guerras. Esse receio diante da possibilidade de novos conflitos tem início com a simbólica data de 11 de Setembro de 2001, com o atentado terrorista de Osama Bin Laden às torres gêmeas do World Trade Center. Dessa forma, o primeiro ano do terceiro milênio começou com uma grande catástrofe, em que o medo trouxe instabilidade na defesa da paz mundial.


Nada vale a espetacularização das religiões com seus líderes religiosos, templos magníficos, fortunas adquiridas pelas vendas de  livros sagrados, números fiéis, patrimônios milionários, aplausos da opinião pública pelas belas celebrações, obras de caridades, maravilhosos  encontros ecumênicos, belíssimos diálogos inter-religiosos, no entanto, conflitos sangrentos estão acontecendo com a participação do sistema religioso.


O mundo está carente do verdadeiro testemunho de paz, de justiça, de amor e de respeito pela dignidade da pessoa humana. É de exemplo autêntico que a humanidade necessita para viver a fraternidade universal. As pessoas desejam ardentemente a comunhão do coração e a confiança com toda segurança que o outro pode e deve fazer feliz seu semelhante. Acreditar que o outro não é Caim e que a sua religião não é uma Babel!


Frei Inácio José do Vale

Notas:

(1) http://super.abril.com.br/blog/superlistas/7-conflitos-atuais-causados-por-diferencas-religiosas/

(2) http://www.catolicismoromano.com.br/content/view/7457/29/

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