terça-feira, 12 de dezembro de 2023

O CÉREBRO HUMANO

 

O CÉREBRO HUMANO

SETEMBRO 2018


“Uma vez que o cérebro é diferente e imensuravelmente mais complicado do que qualquer outra coisa no universo conhecido, talvez tenhamos de alterar algumas das ideias mais ardorosamente sustentadas antes de podermos sequer imaginar a misteriosa estrutura do cérebro”. 


Dr. Richard Restak 


Neurologista americano e neuropsiquiatra 


“Apesar do contínuo acúmulo de conhecimento pormenorizado, o funcionamento do cérebro humano ainda e profundamente misterioso”. 


Dr. Francis Crick 


Biólogo molecular e neurocientista britânico 


O cérebro humano tem 86 bilhões de neurônios e pesa entre 1.2 kg e 1.5 kg, cerca de 2% do peso total do corpo. Apesar disso, ele gasta 25% da energia que você consome diariamente, ou seja, mais ou menos 500 kg/cal por dia, em uma dieta de 2.000 kg/cal. 


Dentre todas as coisas maravilhosas da Terra, nenhuma é mais fantástica do que o cérebro humano. Por exemplo, a cada segundo, uns 100 milhões de bits de informações chegam ao nosso cérebro, provenientes dos vários sentidos. Mas, como pode ele evitar ser inapelavelmente soterrado por inundação? Se só podemos pensar sobre uma coisa por vez, como é que a mente processa estes milhões de mensagens simultâneas? É óbvio que a mente não só sobrevive à inundação, mas a enfrenta com facilidade. 


O cérebro é o órgão físico central do sistema nervoso e a mente, por sua vez, é uma palavra utilizada para descrever as funções intelectuais superiores do cérebro. Está relacionada, portanto, com o funcionamento do cérebro. 


Como ela consegue fazê-lo constitui apenas uma das maravilhas do cérebro humano. Dois fatores estão envolvidos. Primeiro, no tronco encefálico há uma rede de nervos do tamanho de seu dedo mindinho. Esta rede é chamada de formação reticular. Atua como uma espécie de centro de controle de tráfego, monitorizando os milhões de mensagens que chegam ao cérebro, separando as triviais e selecionando as essenciais para receberem atenção do córtex cerebral. A cada segundo, esta pequena rede de nervos só permite que segundo, esta pequena rede de nervos só permite que algumas centenas, no máximo, penetrem na mente consciente. 


Em segundo lugar, adicional concentração de nossa atenção parece provir de ondas que varrem o cérebro de 8 a 12 vezes por segundo. Estas ondas causam períodos de alta sensitividade, durante os quais o cérebro observa os sinais mais fortes e atua sobre eles. Crê-se que, por meio de tais ondas, o cérebro rastreia a si mesmo, deste modo focalizando-se nos essenciais. Assim, a cada segundo, surpreende azáfama de atividades desenvolve-se em nossa cabeça! 


Algo “Que produz Admiração” 


Nos anos recentes, os cientistas fizeram tremendos avanços nos estudos sobre o cérebro. Mesmo assim, o que aprenderam nada é quando comparado com o que continua desconhecido. Depois de milhares de anos de especulação e de recentes décadas de intensivas pesquisas científicas, o nosso cérebro, junto com o universo, continua sendo “essencialmente misterioso”. Por certo, o cérebro humano é, sem sombra de dúvida, a parte mais misteriosa do milagre humano – o termo “milagre” significando “algo que produz admiração” (Dicionário Aurélio da língua portuguesa). 


A admiração inicia-se pelo útero. Três semanas após a concepção, começam a formarem-se as células cerebrais. Crescem em surtos, às vezes até 250.000 células por minuto. Depois do nascimento, o cérebro continua crescendo e formando sua rede de conexões. O abismo que separa o cérebro humano do cérebro de qualquer animal logo se manifesta: “O cérebro do bebê humano, diferente do que o de qualquer outro animal triplica de tamanho em seu primeiro ano”, declara o livro The Universe Within (O Universo Interno). Com o tempo, cerca de 86 bilhões de células nervosas, chamadas neurônios, bem como outros tipos de células, localizam-se num cérebro humano, embora represente apenas 2 por cento do peso total do corpo. Neil Shubin, paleontólogo, escritor e biólogo americano autor do livro The Universe Within (O Universo Interno). Shubin ganhou um PhD em biologia organísmica e evolutiva da Universidade de Harvard em 1987. 


As células cerebrais chaves – os neurônios – realmente não grudam umas nas outras. Acham-se separadas por sinapses, diminutos espaços de uns 25 milionésimos de milímetro. Estes espaços são cruzados por substâncias químicas chamadas de neurotransmissores, 30 das quais já são conhecidas, mas o cérebro pode possuir muitas outras. Estes sinais químicos são recebidos na terminação nervosa do neurônio por uma malha de diminutos filamentos chamados dendritos. Os sinais são então transmitidos para a outra terminação nervosa do neurônio por meio duma fibra nervosa chamada axônio. Nos neurônios, os sinais são elétricos, mas ao cruzarem os espaços, são químicos. Assim, a transmissão dos sinais nervosos é de natureza eletroquímica. Cada impulso tem a mesma força, mas a intensidade do sinal depende da frequência dos impulsos, que pode ser tão alta quantos mil por segundo. 


Não é certo quais são exatamente as mudanças fisiológicas que ocorrem no cérebro durante a aprendizagem. Mas, a evidência experimental sugere que, à medida que aprendemos, especialmente na nossa vida inicial, formam-se melhores conexões, e liberam-se mais das substâncias químicas que cruzam os espaços entre os neurônios. O emprego continuado das conexões as fortalece, e, assim reforça-se a aprendizagem. Os caminhos amiúde ativados são de algum modo fortalecidos. As faculdades mentais não utilizadas se atrofiam. Assim o cérebro, como um músculo, é fortalecido através do uso, e debilitado pela falta de uso. 


Os amplos números de fibras nervosas microscópicas que constituem estas conexões dentro do cérebro são amiúde mencionadas como “conexões”. São colocadas de forma precisa dentro dum feixe de estonteante exato, exigidos pelos “diagramas de conexões”, constitui um mistério. As maiorias das conexões parecem ser precisamente estabelecidas num estágio inicial de desenvolvimento. 


É astronômico o número destas conexões! Cada neurônio talvez tenha milhares de conexões com outros neurônios. Não só existem microcircuitos estabelecidos diretamente entre os próprios dendritos. Alguns pesquisadores creem que os “bilhões e bilhões de células nervosas no cérebro humano estabelecem, talvez, até um quadrilhão de conexões”. Com que capacidade? O renomado cientista americano Carl Sagan declara que o cérebro poderia reter informações que “preencheriam cerca de vinte milhões de volumes, tantos quantos os existentes nas maiores bibliotecas do mundo”. 


É o córtex cerebral que situa o homem numa posição muito distante da do animal. Tem uns 6 milímetros de espessura, e forma uma grande massa fissurada, aderente ao crânio. Se estendido, o córtex mediria cerca de 2.300 centímetros quadrados, com uns 970 quilômetros de fibras conectivas por centímetro cúbico. O córtex humano não é apenas muito maior do que o de qualquer animal, mas possui, também, uma área maior, não comprometida. Isto é, não está comprometida na execução de funções físicas do corpo, mas está livre para os processos mentais mais elevados que distinguem as pessoas dos animais. Nossas mentes “tornam-nos qualitativamente diferentes de todas as demais formas de vida”. 


Nossa Capacidade Muito Superior 


O que distingue o cérebro humano é a variedade de atividades mais especializadas que ele é capaz de aprender. A ciência da informática utiliza o termo “hardwired” para referir-se a características inerentes baseadas em circuitos fixos, em contraste com funções lançadas num computador por um programador. “Aplicando-se a seres humanos”, escreve certa autoridade, “hard wiring refere-se a capacidades inatas, ou pelo menos, predisposições”. Nas pessoas, há muitas capacidades inerentes de aprendizagem, mas não a própria aprendizagem. Os animais, à guisa de contraste, dispõem de sabedoria instintiva hardwired (com conexões já fixadas), porém capacidades limitadas de aprender coisas novas. 


O livro The Universe Within tece a observação que o animal mais inteligente “jamais desenvolve uma mente como a do ser humano. Pois lhe falta aquilo de que dispomos: pré-programação de nosso equipamento neural que nos habilita a formular conceitos daquilo que vemos, linguagem daquilo que ouvimos, e ideias à base de nossas experiências”. Mas, temos pelo que assimilamos do que nos cerca, de programar o cérebro, de outra forma, como declara tal livro, “não se desenvolveria nada que se assemelhasse à mente humana... Sem esta imensa infusão de experiência, dificilmente apareceria o mínimo vestígio de intelecto”. Assim, a capacidade inerente ao cérebro humano. E, diferente dos animais, temos livre-arbítrio para programar nossos intelectos como quisermos baseado em nosso próprio conhecimento, valores, oportunidade e alvos. 


A linguagem é algo ímpar aos humanos 


A linguagem constitui notável exemplo de capacidades que dispõem de conexões já fixadas com grande flexibilidade para serem programadas por nós. Os especialistas concordam que “o cérebro humano acha-se geneticamente programado para o desenvolvimento da linguagem”, e que a linguagem “somente pode ser explicada à base de uma capacidade de processamento linguístico inato, no âmbito de nosso cérebro”. Diferente, contudo, da rigidez demonstrada no comportamento instintivo dos animais, existe tremenda flexibilidade na utilização, pelos humanos, desta capacidade hardwired para a linguagem. 


Uma linguagem específica não se acha hardwired em nossos cérebros, mas somos pré-programados com a capacidade de aprender línguas. Caso em casa se falem duas línguas, uma criança pode aprender ambas. Se ouvir sempre uma terceira língua, a criança pode aprendê-la também. Certa jovem costumava ouvir várias línguas desde a infância. Quando completou 5 anos, falava fluentemente oito línguas. Em vista de tais capacidades inatas, não é surpresa que um linguista dito que as experiências feitas com chimpanzés, sobre linguagem de sinais, “provam realmente que os chimpanzés são incapazes de assimilar até mesmo as formas mais rudimentares da linguagem humana”. 


Poderia esta surpreendente habilidade ter evoluído dos grunhidos e dos rugidos dos animais? Estudos feitos das línguas mais antigas eliminam tal evolução da linguagem. O antropólogo Ashley Montagu afirma que as chamadas línguas primitivas “são amiúde muito mais complexas e mais eficientes do que as línguas das civilizações chamadas superiores”. Ashley Montagu foi um antropólogo e humanista inglês que popularizou relações entre raça, o gênero humano e a sua relação à política e ao desenvolvimento. Ensinou e realizou palestras na Harvard, Universidade de Princeton, Universidade Rutgers, Universidade da Califórnia e Universidade de Nova York. Ele escreveu mais de sessenta livros ao longo desta vida. Em 1995, a Associação Humanista Americana o nomeou Humanista do Ano. 


Segundo a neurologista: “Quanto mais tentamos investigar o mecanismo da linguagem, tanto mais misterioso se torna tal processo.” “O poder da linguagem, movendo homens e nações como nenhuma outra força, distancia de forma ímpar os humanos dos animais. Todavia, as origens da linguagem continuam sendo um dos mistérios mais intrigantes sobre o cérebro”. 


Coisas que Só a Criação pode explicar 


A Encyclopedia Britannica declara que o cérebro do homem “é dotado de consideravelmente maior potencial do que se consegue atingir no curso de vida duma pessoa”. Também se tem declarado que o cérebro humano poderia assumir qualquer carga de aprendizagem e de memorização que se colocasse sobre ele agora, e um bilhão de vezes mais! Por que, porém, produziria a evolução tal excesso? “Este é, com efeito, o único exemplo que existe em que uma espécie foi provida dum órgão que ainda não aprendeu a utilizar”, admitiu um cientista. Perguntou, então: “Como se pode conciliar isto com a tese mais fundamental da evolução: a seleção natural atua e, pequenos passos, cada um dos quais precisa conferir a seu portador uma vantagem mínima, porém, assim mesmo mensurável?” Acrescentou que o desenvolvimento do cérebro humano “continua sendo o aspecto mais inexplicável da evolução”. Uma vez que o processo evolucionário não produziria nem repassaria tal capacidade cerebral em excesso, que nunca seria utilizada, não é mais razoável concluir-se que o homem, dotado da capacidade de infindável aprendizagem, foi projetado para viver para sempre? 


Carl Sagan, surpreso de o cérebro humano poder reter informações que “preencheriam cerca de vinte milhões de volumes”, declarou: “O cérebro é um local muito grande em um espaço muito pequeno.” E o que acontece neste espaço pequeno é um desafio ao entendimento humano. Por exemplo, imagine o que deve passar pela mente dum pianista que executa uma difícil peça musical, com todos os dedos voando sobre as teclas. Que assombroso senso de movimentação deve possuir o cérebro dele, de modo que seus dedos toquem nas teclas certas no momento preciso, com a força exata para igualar as notas que tem na cabeça! E, se tocar a tecla errada, o cérebro de imediato o faz saber disso! Toda esta operação incrivelmente complexa foi programada no cérebro dele através de anos de prática. Mas, somente se torna possível graças à capacidade musical pré-programada no cérebro humano já antes do nascimento. 


Nenhum cérebro animal jamais concebeu tais coisas, sendo anda menos capaz de executá-las. A capacidade humana de demonstrar altruísmo é colossal. É inerente ao ser humano com abissal consciência em prol de criatividades monumentais. 


Apreço pelo Milagre Humano 


Considere só: O ser humano cria o pensamento abstrato, estabelece alvos conscientemente, faz planos para alcança-los e deriva satisfação em sua consecução. Criado com olhos voltados para a beleza, com ouvidos inclinados para a música, com gosto pela arte, com um impulso de aprender, dotado de insaciável curiosidade e de uma imaginação inventiva e criativa – o homem obtém alegria e se sente realizado ao exercer tais dons. Sente-se desafiado por problemas, e deleita-se em utilizar suas faculdades mentais e físicas para equacioná-los. Um senso moral para diferenciar o certo do errado, e uma consciência que o aguilhoa quando se desvia – o homem também possui tais coisas. Sente felicidade em dar, e alegria em amar e ser amado. Todas estas atividades realçam seu prazer na vida, e dão objetivo e significado à sua vida. 


O ser humano pode comtemplar as plantas e os animais, a grandeza das montanhas e dos oceanos em sua volta, a amplidão dos céus estrelados acima dele, e sentir sua pequenez. Mostra-se cônscio do tempo e da eternidade, fica imaginando como foi que surgiu e para onde vai, e esforça-se para entender o que está por trás de tudo isso. Nenhum animal entretém tais pensamentos. O ser humano, porém, procura saber a razão das coisas. Tudo isto resulta de ser dotado de assombroso cérebro e de portar a “imagem” Daquele que o criou. 


Na verdade, pode-se dizer que o óvulo fertilizado no útero da mãe contém todas as partes do emergente corpo humano “assentadas por escrito”. O coração, os pulmões, os rins, os olhos e os ouvidos, os braços e as pernas, e o assombroso cérebro - estas e todas as demais partes do corpo foram “assentadas por escrito” no código genético do óvulo fertilizado no útero da mãe. Este código dessas partes, cada uma em sua devida ordem. 


Conclusão 


Há um grande investimento e muita propaganda para obter um corpo escultural, deveria fazer muito mais em prol da saúde do cérebro. Mente sã corpo são. A qualidade de vida integral começa pelo cérebro. Conhecer profundamente para cuidar dele, sendo assim a nossa principal missão. A saúde mental e a atitude intelectual são fatores-chave para uma maior resistência, solidez e produtividade. O estilo da vida, os hábitos da saúde e as atividades diárias têm um grande impacto na saúde em geral e na saúde do cérebro em particular. Independentemente da idade, há muitas maneiras de melhorar as habilidades cognitivas e prevenir a perda de memória. De fato, as mesmas práticas que contribuem para um envelhecimento sadio e para a vitalidade física também contribuem para uma memória saudável. Desabafar os sofrimentos vividos é muito importante para superar os traumas. Conversar sobre as dores da alma modifica o funcionamento do cérebro e propicia o bem-estar físico e emocional. 


Dr. Inácio José do Vale 


Psicanalista Clínico, PhD 


Sociólogo em Ciência da Religião 


Professor de Pós-Graduação na Faculdade Norte do Paraná 


Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea/RJ. E da Ordem Nacional dos Psicanalistas/RJ. 




Fontes e Bibliografia 


http://www.loucosporconcursos.com/aumentar-o-poder-da-mente/


https://pt.wikipedia.org/wiki/Neil_Shubin 


https://pt.wikipedia.org/wiki/Ashley_Montagu 


A Vida – Qual a sua Origem? A Evolução ou a Criação? Publicado em Inglês e em Português em 1985, pela Watchtower Bible and tract society of New York, Inc. Cesário Lange: SP/Brasil. 


MANES, Facundo. Usar o cérebro: aprenda a utilizar a máquina mais complexa do universo. São Paulo: Planeta, 2015. 


MEDINA, John. Aumente o poder do seu cérebro. Rio de Janeiro: Sextante, 2010. 


PERLMUTTER, David. A surpreendente verdade sobre o glúten e os carboidratos – os assassinos silenciosos do seu cérebro. São Paulo: Paralela, 2014. 


EAGLEMAN, David. Cérebro: Uma biografia. Rio de Janeiro: Rocco, 2017.

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