sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

MISONEÍSMO

 

MISONEÍSMO


“Um dos principais males no ser humano é ser portador do misoneísmo”. 

Um comitê de assessoramento dos monarcas Fernando, rei de Aragão e Isabel, rainha de Castela, no século XV, assim opinou a respeito da pretendida viagem de Cristóvão Colombo: “Tantos séculos após a Criação é improvável que alguém possa encontrar terras ainda desconhecidas com algum valor”.

O que é misoneísmo? Aversão ou oposição a todo tipo de inovações, novas ideias, mudanças, descobertas, progresso entre outras.

Misoneísmo é o termo que designa o medo irracional expresso sob forma de preconceito e resistência ao que é novo. Tudo o que é novo é aquilo que nos é diferente. Quando este misoneísmo se mistura à moral e, pior, quando deles nasce um comportamento discriminatório e segregacionista, podendo chegar aos horrores sociais da xenofobia declarada, do nacionalismo, do racismo, do "apartheid", da escravidão ou do genocídio; do misoginismo, do sexismo ou da homofobia; da segregação religiosa, do fundamentalismo ou das assim chamadas "guerras santas". Devemos combatê-lo de forma clara, com ousadia e com fundamento cientifico de que o que nos é diferente não necessariamente é mal. O medo de que a aceitação do que é diferente e novo venha a transformar o status quo e a colocar em risco a própria existência de todo o grupo parece absoluto e imperioso, sobrepujando a própria racionalidade e dela se utilizando para sustentar uma argumentação equivocada em nome do misoneísmo.

 

Do renomado psiquiatra e psicanalista suíço Carl Gustav Jung um trecho da sua obra O Homem e seus Símbolos. Jung (2008, p. 31) resgata o conceito de misoneísmo, explicando que o ser humano reage com “um medo profundo e supersticioso do novo” e com “medo e ódio irracionais de ideias novas” (p. 35).

 

Interesses políticos, econômicos, sociais, militares e religiosos costumam-se assegurar do misoneísmo para manter o poder e o controle das massas. 

 

Há forte resistência a mudança devido patologias causadas pela Síndrome de Estocolmo, de Oslo e de tradições familiares doentias e reacionárias.

 

Misoneísmo e a desconexão com a metanoia. Metanoia significa atitude de mudança de pensamento e de comportamento. Daí conversão para uma nova vida. Para a psicologia, a metanoia é a mudança do modelo mental do indivíduo, representando um processo de reforma da psique da pessoa. A aprendizagem é a responsável por esta alteração, tanto de modo racional, intelectual, emocional e espiritual. Assim, pode-se dizer que a metanoia é uma transformação profunda do indivíduo.

 

Mente livre é entender e respeitar o que é diferente. Todo o nosso espaço deve ser tomado pelo o amor e pela consciência libertária em prol da dignidade da pessoa humana. O mundo obscuro da mente humana, conhecido como inconsciente, se aproveita de nossa tendência natural ao misoneísmo para tomar espaço e executar atos inconsequentes. Desconstruir atitudes, tendências e ações inconvenientes para empreender mudanças benéficas para si e para o bem da humanidade.

“A mudança é uma aventura épica e um heroísmo em nossa vida”. “Nada muda, se a gente não mudar”. “Ou a gente muda, ou tudo se repete”. “A mesmice”, “repetição”, “rotina”, “marasmo”, tudo isso chama-se: “Liturgia mortal”. “Mudar para melhor é a posse de todo bem”. A mente renovada anseia por novos horizontes! Há muitos tesouros a serem descobertos, há muitos mistérios a serem revelados e a nossa consciência está nessa jornada!

A mudança é uma construção. Focar nos objetivos e trabalhar incansavelmente nessa obra, até alcançar gloriosas vitórias! Mude seu pensar, seu falar, seu assistir, sua escuta, seu agir e amizades negativas. Há um mundo repleto de bênçãos, de surpresas e de felicidade que deseja ter você inteiramente dele!

Dr. Inácio José do Vale

Psicanalista Clínico, PhD

Professor de Pós-Graduação na Faculdade Norte do Paraná

Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea e Membro da Ordem Nacional dos Psicanalistas/RJ.

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JUNG, C. G. O homem e seus símbolos. 2.ed.especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

 

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