domingo, 10 de dezembro de 2023

INCONSCIENTE E PSICANÁLISE

 

INCONSCIENTE E PSICANÁLISE

 

Esse é um assunto de grande importância, ou seja, um segredo revelado de valor inestimável para saúde física e psicológica. Como também um profundo conhecimento que livra o ser humano de muitas tragédias.

 

A descoberta do inconsciente e seu profundo estudo é o fundamento da psicanálise. O renomado médico neurologista, professor austríaco e o criador da psicanálise Dr. Sigmund Freud (1856-1939), em sua investigação da histeria, utilizando o recurso da hipnose, percebeu que havia uma importante instância na psique que era oculta para a própria pessoa. Freud deu o nome de “Inconsciente” para esta instância oculta da psique.

A psicanálise enquanto psicoterapia é uma relação de pessoa a pessoa. A psicanálise enquanto psicologia dá grande importância à história individual e às relações interpessoais da pessoa. Esmera-se de forma sensível, elegante e científica em proporcionar saúde física e mental a seus pacientes.

O que é a Psique:

Psique é uma palavra de origem grega: psykhé e que é usada para descrever a alma ou espírito. Também é uma palavra relacionada com a psicologia, e começou a ser usada com a conotação de mente ou ego por psicólogos contemporâneos para evitar ligações com a religião e espiritualidade.

O que é a Psicanálise

Psicanálise é um ramo clínico teórico que se ocupa em explicar o funcionamento da mente humana, ajudando a tratar distúrbios mentais e neuroses. O objeto de estudo da psicanálise concentra-se na relação entre os desejos inconscientes e os comportamentos e sentimentos vividos pelas pessoas.

A psicanálise consiste num método de estudo terapêutico (psicoterapia) específico, que se foca na interpretação dos processos da psique no nível do inconsciente humano, com a intenção de tratamentos dos desejos reprimidos, ou seja, as doenças da alma.

A teoria da psicanálise, também conhecida por “teoria da alma”. De acordo com Freud, grande parte dos processos psíquicos da mente humana estão em estado de inconsciência, sendo estes dominados pelos desejos sexuais.

Todos os desejos, lembranças e instintos reprimidos estariam “armazenados” no inconsciente das pessoas e, através de métodos de associações, o psicanalista – profissional que exerce a psicanálise – conseguiria analisar e encontrar os motivos de determinadas neuroses ou a explicação de certos comportamentos peculiares dos seus pacientes, por exemplo.

Teoria da Psicanálise

Os princípios básicos desta teoria desenvolvida por Freud estariam sintetizados nas três principais obras publicadas pelo neurologista: “Interpretação dos Sonhos” (1899), “Psicopatologia da Vida Cotidiana” (1904), e “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade” (1905).

Em suma, o estudo de Freud representa a chamada “teoria geral da personalidade”, que consiste num método de psicoterapia. Para que haja o correto entendimento dos processos mentais a partir da ótica da psicanálise, é necessário distinguir os três níveis de consciência do ser humano:

1. Consciente: é o estado em que sabemos (temos consciência) daquilo que pensamos, sentimentos, falamos e fazemos. São todas as ideias que os indivíduos estão cientes de existir / pensar.

2. Pré-consciente: é o estado das ideias que estão inconscientes, mas que podem voltar a ser conscientes, caso haja o correto direcionamento da atenção dos indivíduos para elas. Os pensamentos que se encontram neste estado, por exemplo, podem ser percebidos a partir dos sonhos.

3. Inconsciente: onde ficam guardados todos os desejos e ideias reprimidas, censuradas e inacessíveis ao estado consciente, mas que acabam por afetar os comportamentos e sentimentos dos indivíduos. O Inconsciente é um lugar onde se localizam pulsões e desejos, a energia libidinal. Não existe proibição e tende à satisfação dos mais terríveis desejos.

Explicando o inconsciente

A teoria do inconsciente que Freud formulou representou um marco na história da psicologia. Esse submundo estranho, tenebroso e fascinante gerador de fantasias, lapsos e impulsos não controláveis nos permitiu, por fim, ver grande parte dos transtornos mentais não como doenças somáticas, não como doenças do cérebro, mas como alterações pontuais na nossa mente. Freud foi o primeiro a falar sobre os traumas emocionais, os conflitos mentais, as lembranças escondidas na mente…

No entanto, de acordo com a metáfora do iceberg, uma pequena parte da nossa personalidade é guiada pela consciência, enquanto o inconsciente é responsável por quase tudo que fazemos. Ou seja, o inconsciente humano carrega elementos instintivos que não se tornaram conscientes, além de material que foi censurado ou reprimido pela consciência. Muitos problemas emocionais não resolvidos ficam no inconsciente. De uma forma ou de outra, eles vão externalizar em ações cujos resultados podem ser desastrosos. 

De acordo com Freud, o inconsciente humano carrega as principais determinantes da personalidade, as fontes da energia psíquica e os instintos. Por outro lado, estão depositados ali “medos, motivações egoístas, impulsos sexuais inaceitáveis, desejos irracionais, impulsos imorais e experiências infantis traumatizantes”, pontua a médica e psicoterapeuta Dra. Laís Helena da Rocha.

“Qualquer que seja a razão, o inconsciente muitas vezes nos domina e sempre nos cega”, disse o célebre psicólogo francês e o autor de Psicologia das Multidões Dr. Gustave Le Bon (1841-1931). 

Conclusão

Muitas ações e comportamentos inconsequentes são resultados de traumas, frustrações, recalques depositados no inconsciente. Os dramas alojados no inconsciente, as feridas na alma, o peso na consciência de carregar uma dupla personalidade e o conflito de usar máscaras resultam em fortes crises, dificuldade no relacionamento, inveja, ciúme doentio, egocentrismo, medos, insônia, brigas, vícios, perda do à libido, ansiedade, depressão, desejo de suicídio e atos criminosos.

A terapia psicanalítica auxilia no procedimento de autoconhecimento de tais fatores, levando o paciente a confrontar seus traumas e enfrenta-los nas analises para que as ferramentas terapêuticas e os mecanismos de defesa sejam aplicados proporcionando qualidade de vida, ou seja, saúde física e mental. Cura interior é a libertação dos males aprisionados no inconsciente.

O maior investimento que a pessoa deve fazer é pela sua saúde mental, a paz de espírito e a felicidade.

Dr. Inácio José do Vale

Psicanalista Clínico, PhD

Escritor e Conferencista

Professor de Pós-Graduação na Faculdade Norte do Paraná

Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea/RJ. E da Ordem Nacional dos Psicanalistas/RJ.

 

Referências:

FREUD, S. Artigos sobre a metapsicologia. O inconsciente. In S. Freud, Obras completas (Vol. 14). Rio de Janeiro: Imago, 1980. (Trabalho original publicado em 1915a).

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SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. Teorias da Personalidade. 2ªed. São Paulo, SP Cengage Learning, 2011.

VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

FREUD, Sigmund. “Estudios sobre la Histeria”, Colección Pensar. Madrid, 2013.

CAZETO, S. J. A constituição do inconsciente em práticas clínicas na França do século XIX. São Paulo: Escuta, 2001.  

HORNSTEIN, L. Cura psicanalítica e sublimação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988/1990.         

JONES, E. A vida e a obra de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1953/1989.         

KOYRÉ, A. Do mundo fechado ao universo infinito. Lisboa: Gradiva,  1957/s. d. .         

SOUZA, P.C. As palavras de Freud. O vocabulário freudiano e suas versões. São Paulo: Ática, 1998.

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