quarta-feira, 18 de outubro de 2023

IGREJAS: ESVAZIAMENTO, FECHAMENTO, VIRANDO LOJAS

 

Igrejas virando lojas

ESVAZIAMENTO E FECHAMENTO DE IGREJAS


Disse Dom Diarmuid Martin, arcebispo de Dublin: “Há pessoas que rejeitam a Jesus por culpa nossa”.

“Os escândalos dentro da Igreja, amargura e divisão, ritual vazio, uma falsa cultura clerical de superioridade, críticas a pessoas que Jesus teria acolhido: tudo isto contribuiu para anuviar as possibilidades de muitos em reconhecer o verdadeiro Jesus”, clamou o prelado. Denúncia para a qual, como recordou, tem o pleno respaldo do atual pontífice. “O Papa Francisco adverte constantemente contra o perigo de uma Igreja que só olha para dentro, protetora da instituição, arrogante, ao invés de misericordiosa”, afirmou (1).


Desde 1966 o catolicismo em Quebec, Canadá, entrou numa espiral de decadência. Uma das regiões mais católicas do globo se tornou uma parábola do que pode vir a acontecer no Ocidente do ponto de vista religioso, cultural e demográfico, sem um milagroso auxílio de Nossa Senhora.


O passado católico do Quebec corre assim grave risco de ser apagado, escreveu Giulio Meotti, editor cultural do diário “Il Foglio” da Itália, ecoado pelo Gatestone Institute.


A resistência ao dramático colapso do cristianismo em Quebec não é imaginável sem um novo afervoramento do velho catolicismo, contrariamente ao que pregam até certos “direitistas” que têm os olhos postos na Rússia “ortodoxa” e neocomunista.


Quebec tem o sabor de uma antiga província francesa: belas paisagens, ruas com o nome de santos católicos. Há semelhanças até com o trágico presente francês: em 2016 um franco-atirador assassinou seis pessoas numa mesquita.


Os prédios católicos estão vazios e o clero, pretendendo se modernizar, envelheceu e ruma para a extinção. A igreja de São Judas Tadeu em Montreal virou academia de fitness. Os instrutores tomaram o lugar dos padres. Clientes preocupados com seu corpo ocupam os espaços outrora destinados aos fiéis preocupados com a alma.

Em vez de confessionários, há equipamentos para treino. Deus não se torna mais sensível aos homens enquanto a cidade morre para a História. A igreja de São Judas Tadeu virou o “Spa Saint-Jude” dos “adoradores do bem-estar”, religiosamente dirigidos por ‘personal trainers’.


Celebrações comunitárias são realizadas na forma de festas badaladas, com coquetéis servidos em bancos estilo de igreja e em forma de crucifixo, enquanto na sacristia do novo culto estão os vestiários.

Na igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Montreal, que fechou suas portas ao culto, funciona o Teatro Paradoxe. A antiga nave cristã agora serve para concertos e conferências. Aos domingos, os hinos litúrgicos foram substituídos por shows de discoteca que testemunham o culto de outros deuses.


A diocese de Montreal vendeu 50 igrejas e edifícios religiosos nos últimos 15 anos. Em 24 de maio de 2015 foi celebrada a última missa na famosa igreja de São João Batista, dedicada ao padroeiro dos franco-canadenses. O bispo auxiliar de Quebec, Monsenhor Gaetan Proulx, comunicou pragmaticamente que a “metade das igrejas de Quebec” irá fechar nos próximos dez anos.

Ironicamente, o filme “The Barbarian Invasions” (“As invasões dos bárbaros”) “apresenta cena em que um velho padre católico analisa peças de arte religiosa sem muito valor, que abarrotam a sua diocese, para mostrar a sua irrelevância, e diz: ‘Quebec costumava ser tão católica quanto à Espanha ou a Irlanda, todos eram religiosos”.


‘Num determinado momento nos idos do ano de 1966, a bem da verdade, as igrejas de repente, em questão de meses, ficaram vazias. Um fenômeno estranho que ninguém jamais foi capaz de explicar.’

O estado do catolicismo em Quebec é desolador. Em 1966 havia 8.800 padres. Hoje só restam 2.600, idosos na sua maioria, que residem em lares para doentes ou em asilos para anciãos. Em 1945, 90% da população assistiam à missa católica semanal, hoje são 4%. Centenas de comunidades católicas desapareceram. Segundo o Conselho do Patrimônio Religioso de Quebec, em 2014 cessou o culto num número recorde de igrejas: 72. A situação é ainda pior na arquidiocese de Montreal. Das 257 paróquias que havia em 1966, em 2013 apenas ficavam 169.

O laicismo em Quebec se impõe agressivamente em face de uma hierarquia eclesiástica que após o Concílio Vaticano II lhe estendeu os braços em gesto de diálogo e conciliação. O governo promove o multiculturalismo, cujos melhores nomes são descristianização, paganização ou islamização. Em Quebec houve um aumento dramático do número de muçulmanos jovens que se alistaram no Estado Islâmico.


Multiplicaram-se os ataques terroristas cometidos por canadenses pervertidos ao Islã. Eram pessoas que rejeitaram o relativismo transformado em fundamentalismo liberal imperante no país e evoluíram para abraçar o fanatismo islamista.

Um relatório acadêmico citado pelo Gatestone Institute conclui que: “o censo canadense mostra que o Islã é a religião que mais cresce no país e que embora a maior parte do crescimento da população muçulmana esteja relacionada com os índices de natalidade dos muçulmanos e migração, desde 2001 a população islâmica também aumentou em consequência das conversões religiosas dos canadenses não muçulmanos”.


A taxa de natalidade despencou de uma média de quatro filhos por casal para apenas 1,6, bem abaixo do que os demógrafos chamam de "taxa de substituição populacional”. Segundo os demógrafos, a província de Quebec precisa de 70.000 a 80.000 imigrantes por ano para compensar a queda da natalidade.


Metade dos ministros do governo de Justin Trudeau não foi empossada com juramento religioso. Eles se recusaram até o dizer que cumpririam seu dever “com a ajuda de Deus”. Quebec se esvazia. A escalada dos óbitos serve de pretexto para as esquerdas, lideradas pelo primeiro-ministro Justin Trudeau, atraírem ondas de imigrantes muçulmanos.

O lema de Quebec é “Je me souviens” (“Eu me lembro”), mas ninguém sabe dizer do quê, exatamente. Dessa maneira, esquecida a religião católica no período pós-conciliar, Quebec foi ficando uma “região livre” de catolicismo. Por isso, o Giulio Meotti, editor cultural do diário italiano “Il Foglio”, acaba perguntando se a revolução conciliar e multicultural pode ter outro resultado senão a vitória do Islã (2).

O Papa emérito Bento XVI rompeu o silêncio do seu retiro vaticano para encorajar a superação de duas concepções do Estado que levam a radicalismos: o “Estado radicalmente ateu” e o “surgimento de um Estado radicalmente religioso nos movimentos islamistas”. As consequências de ambos os excessos podem ser sentidas “todos os dias”, observa ele (3).

A questão religiosa na pós-modernidade é parte central de muitas incompatibilidades cruéis no sistema político, econômico e social. De forma ideológica é a raiz de muitos males e o cerne de terríveis conflitos. Seu esquema é assegurado em todos os níveis por uma elite governamental poderosamente econômica, detentora de tecnologia, de manipulação do fator religioso no arregimento de adeptos e de pseuda paz e harmonia que passa em parte para opinião pública.

Frei Inácio José do Vale

Professor e Conferencista

Sociólogo em Ciência da Religião

Irmãozinho da Visitação de Charles de Foucauld

E-mail: pe.inacio.jose@gmail.com

Notas:

(1)http://www.ihu.unisinos.br/566734-ha-pessoas-que-rejeitam-a-jesus-por-culpa-nossa-crentes-nele-afirma-arcebispo-de-dublin

(2) http://lumenrationis.blogspot.com.br/2017/04/quebec-paradigma-de-um-mundo-que-clama.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+LuzDeCristoXTrevasDaRazo+(Luz+de+Cristo+x+trevas+da+irracionalidade)

(3)http://pt.aleteia.org/2017/04/25/bento-xvi-nos-alerta-para-os-radicalismos-ateu-e-islamista/?utm_campaign=NL_pt&utm_source=daily_newsletter&utm_medium=mail&utm_content=NL_pt

A igreja de São Judas Tadeu em Montreal transformada em academia, interior e exterior


IGREJAS VIRAM LOJAS

Igrejas transformadas em lojas, bares, restaurantes, academias, centros de bem-estar, discotecas, mesquitas e passarelas para desfiles de moda. O destino de locais de culto que por diversos motivos são abandonados preocupa a Igreja. 


Fenômeno este que teve um peso maior em países como França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Suíça, Estados Unidos e Canadá, mas muitos casos foram verificados também na Itália. E o problema não se restringe à Igreja Católica, mas também às protestantes. 


Causas do fechamento de igrejas 


As causas de fechamento de igrejas normalmente estão ligadas à diminuição das comunidades cristãs, escassez de sacerdotes, abandono da prática religiosa. 


Os locais de culto, que por diversos motivos deixam de ter este fim, representam um tema delicado, doloroso e complexo, “que não é reservado a um clube restrito de especialistas, como poderia parecer num primeiro momento, mas desperta um interesse extraordinário em muitos âmbitos”, afirmou o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Dicastério para a Cultura. 


Beatrice de Andia, fundadora e presidente do Observatório da Herança Religiosa, em Paris, estima que existam cerca de 90 mil edificações religiosas na França, cerca de 17 mil das quais protegidas pelo governo por seu valor histórico ou arquitetônico, o que dá à França a maior densidade de edificações religiosas na Europa. Cerca de 10% das igrejas protegidas pelo governo estão em condição perigosa, ela diz, devido à falta de verbas públicas para preservação; o mesmo se aplica a boa proporção das demais igrejas. "No passado, eram edificações sacras, mas hoje em dia não existe esse senso do sagrado", diz Andia. 


Antigas catedrais abrigam hotéis 


Igrejas de 200 anos e até mais antigas estão fechando as portas na Europa. Os edifícios, cheios de tradição, estão sendo ocupados por livrarias, estúdios de música e até boates. Por fora, as igrejas são maravilhas arquitetônicas. Por dentro, majestosas obras de arte. São igrejas na essência, mas também prédios que se tornam alvos da cobiça imobiliária. 


Nos últimos dez anos, 200 templos, em média por mês, fecharam as portas em toda Europa. As fachadas são conservadas, mas no coração das velhas igrejas batem os martelos da modernidade. Os templos são convertidos em condomínios de apartamentos, discotecas e hotéis. 


A prefeitura de Maastricht, no sul da Holanda, também acha que foi abençoada quando herdou a velha catedral em uma das áreas mais nobres da cidade. Hoje, é uma livraria frequentada por 800 mil pessoas por ano. 


Na Grã-Bretanha, onde o número de igrejas caiu de 55 mil para 40 mil na última década, o reaproveitamento é variado. Em uma esquina em Londres, um velho templo anglicano virou um moderníssimo estúdio musical. Hoje é um santuário do som, considerado pelos papas da música um dos melhores do mundo em termos de acústica. Mas o que os sacerdotes acham disso? “É o triste sinal dos tempos”, diz o padre Jeremy, responsável por uma pequena paróquia no norte de Londres. “As pessoas até acreditam em Deus ainda, mas acham que não precisam mais ir à igreja. Esquecem o verdadeiro sentido de comunidade”. 


A rápida secularização está fazendo com que cada vez mais igrejas sejam dessacralizadas. À medida que a identidade europeia se torna mais laica, muita gente considera que a decadências das igrejas simboliza a decadência da fé. 


Conclusão 


Será que está havendo um reavivamento religioso nos Estados Unidos? Em 2005, a revista Newsweek fez uma reportagem sobre a popularidade de “ofícios religiosos com gritos, desmaios, pés batendo no chão” e outras práticas religiosas. Mas ela destacou: “Seja o que for, não se trata de um grande aumento no número de pessoas indo à igreja.” Quando se pergunta às pessoas qual é a sua religião, a resposta mais comum é: “Nenhuma”. Se algumas congregações aumentam, isso acontece porque outras estão diminuindo. A evidência mostra que as pessoas estão abandonando aos milhares religiões convencionais, com suas cerimônias, música de órgão e clérigos vestidos a rigor. 


As igrejas estão sofrendo uma fragmentação na América Latina, perdendo adeptos na Europa e mantendo o apoio nos Estados Unidos por oferecer entretenimento, emoção e a teologia da prosperidade. É claro que há muitas exceções a essas tendências, mas o quadro geral é o de igrejas lutando para manter a popularidade. O cristianismo está em declínio devido à secularização, escândalos morais, o escândalo das divisões denominacionais, ausência da pratica evangélica, ideologias materialistas, crescimento de religiões e seitas e a ganância pelo poder. O que fazer? Configurar a missionaridade no amor abissal de Deus, no amor ao próximo, na busca ardente do Espírito Santo, na Boa Nova da redenção e no serviço aos pobres. 



Frei Inácio José do Vale 

Professor e conferencista 

Sociólogo em Ciência da Religião 

Fraternidade Sacerdotal Jesus Cáritas 

Fontes: 


https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2018-07/locais-culto-abandonados-simposio-gregoriana.html


https://www.terra.com.br/noticias/mundo/abandonadas-igrejas-historicas-podem-ser-demolidas-na-franca,5928a7bde060b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html


http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/09/antigas-catedrais-abrigam-hoteis-livrarias-e-ate-discotecas-na-europa.html


http://thauucs.blogspot.com/2011/11/antiga-catedral-gotica-vira-hotel-na.html 


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