domingo, 9 de julho de 2023

DARWIN NO BRASIL

 

DARWIN NO BRASIL


Darwin no Brasil: escravidão e suicídio 


O naturalista inglês Charles Darwin, autor da revolucionária teoria da evolução das espécies, passou pelo local onde hoje é a cidade de Maricá (RJ) no dia 8 de abril de 1832, quando, após percorrer a região de Praia Grande, atual Niterói, parou para o almoço por volta das 12h em “Ithacaia”, na Fazenda Itaocaia, tombada em 2013 pela Prefeitura Municipal. 


Lá, aquele que seria um dos principais cientistas da história, presenciou a morte de uma escrava que se suicidou pulando da Pedra de Itaocaia após ter jogado a filha do fazendeiro no tacho de melado, por vingança e ciúme. 


Ele escreveu em seu diário científico: “Até hoje, se eu ouço um grito ao longe, lembro-me, com dolorosa e clara memória, de quando passei numa casa em Pernambuco e ouvi os urros mais terríveis. Logo entendi que era algum pobre escravo que estava sendo torturado”. 


E se Charles Darwin voltasse hoje ao Brasil o que ele escreveria? Diante de tantas desgraças do Brasil ele poderia escrever grandiosas teses sobre os transtornos da greve, dos impostos maiores do mundo, do câncer da corrupção, da Lava-Jato, do Leva-Gato, do jeitinho brasileiro bandido de fazer certas coisas, da prostituição que é uma atividade legal no Brasil (o que não é legal (crime) é explorar a prostituição), dos partidos políticos de aluguel, da escandalosa siglas partidárias, de gastos públicos em obras inacabadas, do poder executivo desgovernado, do legislativo mais caro do mundo, do judiciário lento, do desemprego, do país de assassinatos, do consumo do crack, do tráfico de drogas, da violência contra a mulher, da homofobia, do racismo, de uma elite milionária, da boa parte da população que vive uma nova modalidade de escravidão, da deficiente educação, da saúde precária, dos sem terra, dos sem tetos, da reforma politica, da reforma da previdência, do abandono dos indígenas, da degradação familiar, abusos contra crianças e adolescentes, do transporte ineficiente, do pedágio caríssimo, das péssimas estradas, da mídia boçal, da música brega, do sertanejo universitário sem faculdade, das universidades públicas para ricos, da ansiedade, da depressão, dos presídios universidades do crime, das seitas pentecostais, da intervenção militar no Rio de Janeiro, do vexame da seleção brasileira que perdeu de 7x1 para a seleção alemã. 


O Brasil é o país das incompatibilidades! Uma nação que no seu bojo é tomada pelo engano, pela manipulação, pela espetacularização do ridículo, pela crendice fábrica de tolos e pela pandemia a de doenças físicas e psicológicas. Darwin terminaria a tese assim: “O país do suicídio moral e intelectual e da escravidão circense e carnavalesca!”. 


Dr. Inácio José do Vale 

Psicanalista Clínico 

Professor e Conferencista 

Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea/RJ. E da Ordem Nacional dos Psicanalistas/RJ. 

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