segunda-feira, 13 de novembro de 2023

IGREJA AMIGA DA HUMANIDADE

 

IGREJA AMIGA DA HUMANIDADE


O Papa Paulo VI, foi o primeiro pontífice a citar em documento oficial o Bem-aventurado Charles de Foucauld como “Irmão Universal”. 


“Fiel ao ensino e exemplo do seu divino Fundador, que dava como sinal da sua missão o anúncio da Boa Nova aos pobres, a Igreja nunca descurou a promoção humana dos povos aos quais levava a fé em Cristo. Os seus missionários construíram, não só igrejas, mas também asilos e hospitais, escolas e universidades. Ensinando aos nativos a maneira de tirar melhor partido dos seus recursos naturais, protegeram-nos, com frequência, da cobiça dos estrangeiros. Sem dúvida que a sua obra, pelo que tinha de humano, não foi perfeita e alguns misturaram por vezes a maneira de pensar e de viver do seu país de origem, com a pregação da autêntica mensagem evangélica. Mas também souberam cultivar e promover as instituições locais. Em muitas regiões foram contados entre os pioneiros do progresso material e do desenvolvimento cultural. Basta relembrar o exemplo do padre Charles de Foucauld, que foi considerado digno de ser chamado, pela sua caridade, "Irmão Universal", e redigiu um precioso dicionário da língua tuaregue. Sentimo-nos na obrigação de prestar homenagem a estes precursores, tantas vezes ignorados, a quem a caridade de Cristo impelia, assim como aos seus êmulos e sucessores, que ainda hoje continuam a servir generosa e desinteressadamente aqueles que evangelizam”. (CARTA ENCÍCLICA POPULORUM PROGRESSIO DE SUA SANTIDADE PAPA PAULO VI, n. 12). 


Aqui no Brasil nós temos uma pérola de sacerdote ordenado pelo Papa Paulo VI, o italiano Padre Mário Zappa, co-fundador da Comunidade de Ação Pastoral (CAP). O renomado Pe. Mário Zappa tem sua ação pastoral na educação: escolas, creches e comunidade religiosa em Pouso Alegre/MG. 


A Comunidade de Ação Pastoral desde sua fundação na Itália em 25 de Março de 1965. Suas sementes foram lançadas no Brasil em 29 de Maio de 1978, quando o Padre Mario Zappa deixa a Itália e vem para o Brasil com o desejo no coração de aqui continuar os trabalhos que lá já eram realizados. Em Milão na Itália nasceu a então Comunidade de Ação Pastoral, hoje denominada (CAP). No Brasil, do coração dos Padres Bruno Stefenelli e Padre Mario Zappa vigários da paroquia João Evangelista que procuravam uma nova forma de vida na Igreja, não fugindo do que ela é procurando de uma maneira diferente pregar o amor e a caridade, uma vida nova, com o compromisso de sempre ou por toda a vida viver o múnus de Cristo Sacerdote, Profeta e Rei. 


Frei Inácio José do Vale 


Fraternidade do Bem-aventurado Charles de Foucauld 


Para uma Igreja amiga da humanidade 


Dentro de poucos meses, a 14 de outubro, o papa Francisco canonizará Paulo VI, que morreu há 40 anos, a 6 de agosto de 1978. É um acontecimento eclesial de primeira importância. Declarar Giovanni Montini santo é reafirmar a letra e o espírito do Concílio Vaticano II (1962-1965), porque Paulo VI foi o papa do concílio. O papa que compreendeu o significado daquela assembleia na história da Igreja e soube levá-la por diante com força e medida até ao fim. 


Montini foi o primeiro papa moderno. Sem diminuir nenhum outro. Era um homem da nova era, percebia que a Igreja tinha de superar o tempo dos recontros e das condenações, o tempo das lamentações e das reivindicações. Basta reler hoje com calma os seus discursos no início e no fim das várias sessões conciliares para descobrir a genial novidade que quis promover com o grande acontecimento do concílio. 


Paulo VI soube ver nas aspirações do mundo contemporâneo, mais do que uma vez em contraste com a Igreja, a mão e os planos de Deus. Na fatigante e dolorosa aventura da humanidade, Paulo VI descobriu a marca de Deus e o sopro do Espírito Santo. Por isso quis que a Igreja de Jesus fosse uma Igreja amiga da humanidade, uma Igreja que celebra as conquistas e os triunfos da ciência e da técnica, uma Igreja que sabe interpretar as aspirações profundas das pessoas e dos povos, uma Igreja que escuta, que dialoga, que esclarece, que explica e retifica quando é necessário, uma Igreja, em última análise, que sabe sofrer pacientemente para defender a verdade e a justiça na vida dos seres humanos e nas relações entre os povos. 


Desde o tempo de Paulo VI, dentro e fora da Igreja, aconteceram muitas coisas. Deus deu-nos outros papas insignes, sábios e santos, que trouxeram muitas coisas boas à vida da Igreja, seja na doutrina seja na vida pastoral. Penso que agora (…) estamos no momento certo para promover a reforma espiritual, institucional, pastoral e missionária que procurava o concílio e que Paulo VI sonhava. 


O papa Francisco é o guia escrupuloso e próximo do encontro missionário da Igreja com o mundo contemporâneo que Paulo VI quis promover. A partir do céu deve ajudar-nos a criar, passo a passo, a Igreja do Vaticano II. Uma Igreja humilde, fraterna, servidora do mundo no nome de Jesus. Uma Igreja que não condena ninguém, mas que se aproxima de todos, que fala com todos, que pergunta e responde, que esclarece, que convida e propõe, uma Igreja materna que nos ajuda a todos a encontrar na vida os caminhos de Deus e da verdadeira humanidade. (…) 


Com a ajuda do Senhor e do seu servo o santo padre Paulo VI, nós, cristãos (…) devemos promover, com alma, vida e coração, o crescimento de uma Igreja esboçada nos documentos do Vaticano II, uma Igreja vigorosa, formada por cristãos convertidos e convictos, dispostos a viver como membros de Jesus, filhos de Deus e cidadãos do céu, neste mundo. 


Uma Igreja de cristãos devotos, alegres, generosos, amigos de todos, servidores de todos, praticantes do amor efetivo de Jesus, cristãos sem orgulho nem avidez, apoiados pela esperança da vida eterna, verdadeiramente comprometidos na construção diária e laboriosa da cidade terrena, a casa comum, onde todos encontraremos um lugar para viver em paz enquanto esperamos a vinda do Senhor. 


Cardeal Dom Fernando Sebastián Aguilar 

Arcebispo emérito de Pamplona e Tudela, Espanha 

In L'Osservatore Romano, 6-7.8.2018

Tradução / edição: Rui Jorge Martins 


http://www.snpcultura.org/para_uma_igreja_amiga_da_humanidade.html 

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