sábado, 18 de novembro de 2023

A TEORIA PSICANALÍTIDA FREUDIANA

 

A Teoria Psicanalítica Freudiana 



“Quase não existe uma esfera da atividade humana onde a investigação de Sigmund Freud não tenha sido criativa, ou, pelo menos, estimuladora”. 


Dr. Frederick Perls (1893-1970) 


Psicoterapeuta, psiquiatra alemão e criador da Gestalt-terapia 




As contribuições do neurologista e psiquiatra austríaco Dr. Sigmund Freud (1856-1939) tiveram enorme impacto para o reconhecimento da Psiquiatria como uma disciplina voltada ao tratamento dos transtornos do comportamento humano. Antes disso, os problemas da mente eram considerados de cunho moral ou espiritual. 


Suas pesquisas trouxeram à luz a teoria psicanalítica, baseada em duas hipóteses: o inconsciente atua em nossa percepção consciente e muitas experiências passadas, principalmente as da infância, determinam o padrão comportamental que a pessoa terá na vida adulta. 


Os trabalhos científicos de Freud para os estudos acerca da compreensão da mentalidade humana são diversos e refletem no trabalho de muitos intelectuais. 


A teoria psicanalítica desenvolvida pelo Dr. Sigmund Freud está intimamente relacionada à sua prática psicoterapêutica. É uma teoria que procura descrever a etiologia dos transtornos mentais, o desenvolvimento do homem e de sua personalidade, além de explicar a motivação humana. Com base nesse corpo teórico Freud desenvolveu um tipo de psicoterapia. Ao conjunto formado pela teoria, a prática psicoterapêutica nela baseada e os métodos utilizados dá-se o nome de psicanálise. 


Estrutura de personalidade 


Freud imaginava a psique (ou aparelho psíquico) do ser humano como um sistema de energia: Cada pessoa é movida, segundo ele, por uma quantidade limitada de energia psíquica. Isso significa, por um lado, que se grande parte da energia for necessária para a realização de determinado objetivo (ex. expressão artística) ela não estará disponível para outros objetivos (ex. sexualidade); por outro lado, se a pessoa não puder dar vazão à sua energia por um canal (ex. sexualidade), terá de fazê-lo por outro (ex. expressão artística). Essa energia provém das pulsões (às vezes chamadas incorretamente de instintos). Segundo o autor, o ser humano possui duas pulsões inatas, a sexual e a de morte. Essas duas pulsões opõem-se ao ideal da sociedade e, por isso, precisam ser controladas através da educação, de forma que a energia gerada pelas pulsões não podem ser liberadas de maneira direta. O ser humano é, assim, sexual e agressivo por natureza e a função da sociedade é amansar essas tendências naturais do homem. A situação de não poder dar vazão a essa energia gera no indivíduo um estado de tensão interna que necessita ser resolvido. Toda ação do homem é motivada, assim, pela busca hedonista de dar vazão à energia psíquica acumulada. 


Os níveis da consciência ou modelo topológico da mente 


O ser humano, no entanto, não se dá conta de todo esse processo de geração e liberação de energia. Para explicar esse fato, Freud descreve três níveis de consciência: 


1. O consciente, que abarca todos os fenômenos que em determinado momento podem ser percebidos de maneira conscientes pelo indivíduo; 


2. O pré-consciente, refere-se aos fenômenos que não estão conscientes em determinado momento, mas podem tornar-se, se o indivíduo desejar se ocupar com eles; 


3. O inconsciente, que diz respeito aos fenômenos e conteúdos que não são conscientes e somente sob circunstâncias muito especiais podem tornar-se. (O termo subconsciente é muitas vezes usado como sinônimo, apesar de ter sido abandonado pelo próprio Freud). 


Freud não foi o primeiro a propor que parte da vida psíquica se desenvolve inconscientemente. Ele foi, no entanto, o primeiro a pesquisar profundamente esse território. Através da compreensão do conceito de inconsciente torna-se clara a compreensão da motivação na psicanálise clássica: muitos desejos, sentimentos e motivos são inconscientes, por serem muito dolorosos para se tornarem conscientes. 


Modelo estrutural da personalidade 


Freud desenvolveu mais tarde, (1923) um modelo estrutural da personalidade, em que o aparelho psíquico se organiza em três estruturas: 


1. Id (em alemão: es, "ele, isso"): O id é a fonte da energia psíquica, a libido. O id é formado pelas pulsões, instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes. Ele funciona segundo o princípio do prazer, ou seja, busca sempre o que produz prazer e evita o desprazer. Não fazem planos, não espera, busca uma solução imediata para as tensões, não aceita frustrações e não conhece inibição. Ele não tem contato com a realidade e uma satisfação na fantasia pode ter o mesmo efeito de uma atingida através de uma ação. O id desconhece juízo, lógica, valores, ética ou moral, sendo exigente, impulsivo, cego, irracional, antissocial e dirigido ao prazer. O id é completamente inconsciente. 


2. Ego (ich, "eu"): O ego desenvolve-se a partir do id com o objetivo de permitir que seus impulsos sejam eficientes, ou seja, levando em conta o mundo externo. É o chamado princípio da realidade. É esse princípio que introduz a razão, o planejamento e a espera ao comportamento humano. A satisfação das pulsões é retardada até o momento em que a realidade permita satisfazê-las com um máximo de prazer e um mínimo de consequências negativas. A principal função do ego é buscar uma harmonização inicialmente entre os desejos do id e a supervisão/realidade/repressão do superego. 


3. Superego (Über-Ich, "super-eu", "além-do-eu"): A parte moral da mente humana e representa os valores da sociedade. O superego tem três objetivos: (1) reprimir, através de punição ou sentimento de culpa, qualquer impulso contrário às regras e ideais por ele ditados; (2) forçar o ego a se comportar de maneira moral, mesmo que irracional; e, (3) conduzir o indivíduo à perfeição, em gestos, pensamentos e palavras. O superego forma-se após o ego, durante o esforço da criança de introjetar os valores recebidos dos pais e da sociedade a fim de receber amor e afeição. Ele pode funcionar de uma maneira bastante primitiva, punindo o indivíduo não apenas por ações praticadas, mas também por pensamentos inaceitáveis; outra característica sua é o pensamento dualista (tudo ou nada, certo ou errado, sem meio-termo). O superego divide-se em dois subsistemas: o ego ideal, que dita o bem a ser procurado, e a consciência, que determina o mal a ser evitado. 


Os mecanismos de defesa 


O ego está constantemente sobtensão, nas suas tentativas de harmonizar os impulsos do id no mundo exterior e adequando-os à repressão do superego. Quando essa tensão (normalmente sob a forma de medo) se torna grande demais, ameaça à estabilidade do ego, que pode fazer uso dos mecanismos de defesa ou ajustamentos. Estas são estratégias do ego para diminuir o medo através de uma deformação da realidade - dessa forma o ego exclui da consciência conteúdos indesejados. Os mecanismos de defesa satisfazem os desejos do id apenas parcialmente, mas, para este, uma satisfação parcial é melhor do que nenhuma. 


Entre os mecanismos de defesa é preciso considerar, por um lado, os mecanismos bastante elaborados para defender o eu (ego), e por outro lado, os que estão simplesmente encarregados de defender a existência do narcisismo. Freud (1937) diz que mecanismos defensivos falsificam a percepção interna do sujeito fornecendo somente uma representação imperfeita e deformada. 


Freud descreveu muitos mecanismos de defesa no decorrer da sua obra e seu trabalho foi continuado por sua filha Anna Freud; os principais mecanismos são: 


>Repressão é o processo pelo qual se afastam da consciência conflitos e frustrações demasiadamente dolorosas para serem experimentados ou lembrados, reprimindo-os e recalcando-os para o inconsciente; o que é desagradável é, assim, esquecido; 


>Formação reativa consiste em ostentar um procedimento e externar sentimentos opostos aos impulsos verdadeiros, indesejados. 


>Projeção consiste em atribuir a outros as ideias e tendências que o sujeito não pode admitir como suas. 


>Regressão consiste em a pessoa retornar a comportamentos imaturos, característicos de fase de desenvolvimento que a pessoa já passou. 


>Fixação é um congelamento no desenvolvimento, que é impedido de continuar. Uma parte da libido permanece ligada a um determinado estágio do desenvolvimento e não permite que a criança passe completamente para o próximo estágio. A fixação está relacionada com a regressão, uma vez que a probabilidade de uma regressão a um determinado estágio do desenvolvimento aumenta se a pessoa desenvolveu uma fixação por este. 


>Sublimação é a satisfação de um impulso inaceitável através de um comportamento socialmente aceito. 


>Identificação é o processo pelo qual um indivíduo assume uma característica de outro. Uma forma especial de identificação é a identificação com o agressor. 


>Deslocamento é o processo pelo qual agressões ou outros impulsos indesejáveis, não podendo ser direcionados à(s) pessoa(s) a que se referem, são direcionados a terceiros. 


As fases do desenvolvimento psicossexual 


Uma importante parte da teoria freudiana é dedicada ao desenvolvimento da personalidade. Duas hipóteses caracterizam sua teoria: 


1. Freud foi o primeiro a afirmar que os primeiros anos de vida são os mais importantes para o desenvolvimento da pessoa e 


2. O desenvolvimento do indivíduo se dá em fases ou estádios psicossexuais. Freud foi, assim, o primeiro autor a afirmar que as crianças também têm uma sexualidade. 


Freud descreve quatro fases distintas, pelas quais a criança passa em seu desenvolvimento. Cada uma dessas fases é definida pela região do corpo a que as pulsões se direcionam. Em cada fase surgem novas necessidades que exigem satisfação; a maneira como essas necessidades são satisfeitas determina como a criança se relaciona com outras pessoas e quais sentimentos ela tem para consigo mesma. A transição de uma fase para outra é biologicamente determinada, de tal forma que uma nova fase pode iniciar sem que os processos da fase anterior tenha se completado. As fases se seguem umas às outras em uma ordem fixa e, apesar de uma fase se desenvolver a partir da anterior, os processos desencadeados em uma fase nunca estão plenamente completos e continuam agindo durante toda a vida da pessoa. 


A fase oral 


A primeira fase do desenvolvimento é a fase oral, que se estende desde o nascimento até aproximadamente dois anos de vida. Nessa fase a criança vivencia prazer e dor através da satisfação (ou frustração) de pulsões orais, ou seja, pela boca. Essa satisfação se dá independente da satisfação da fome, mas inicialmente por ela. Assim, para a criança sugar, mastigar, comer, morder, cuspir etc. têm uma função ligada ao prazer, além de servirem à alimentação. Ao ser confrontada com frustrações a criança é obrigada a desenvolver mecanismos para lidar com tais frustrações. Esses mecanismos são à base da futura personalidade da pessoa. Assim, uma satisfação insuficiente das pulsões orais pode conduzir a uma tendência para ansiedade e pessimismo; já uma excessiva satisfação pode levar, através de uma fixação nessa fase, a dificuldades de aceitar novos objetos como fonte de prazer/dor em fases posteriores, aumentando assim a probabilidade de uma regressão. 


A fase oral se divide em duas fases menores, definidas pelo nascimento dos dentes. Até então a criança se encontra em uma fase passivo-receptiva; com os primeiros dentes a criança passa a uma fase sádico-ativa através da possibilidade de morder. O principal objeto de ambas as fases, o seio materno, se torna, assim, um objeto ambivalente. Essa ambivalência caracteriza a maior parte dos relacionamentos humanos, tanto com pessoas como com objetos. 


A fase oral apresenta, assim, cinco modos de funcionamento que podem se desenvolver em características da personalidade adulta: 


1. O incorporar do alimento se mostra no adulto como um "incorporar" de saber ou poder, ou ainda como a capacidade de se identificar com outras pessoas ou de se integrar em grupos; 


2. O segurar o seio, não querendo se separar dele, se mostram posteriormente como persistência e perseverança ou ainda como decisão; 


3. Morder é o protótipo da destrutividade, assim do sarcasmo, cinismo e tirania; 


4. Cuspir se transforma em rejeição e 


5. O fechar a boca, impedindo a alimentação, conduz a rejeição, negatividade ou introversão. 


O principal processo na fase oral é a criação da ligação entre mãe e filho. 


A fase anal 


A segunda fase, segundo Freud, é a fase anal, que vai aproximadamente do primeiro ao terceiro ano de vida. Nessa fase a satisfação das pulsões se dirige ao ânus, ao controle da tensão intestinal. Nessa fase a criança tem de aprender o controle dos esfíncteres sobre o ato de defecar e, dessa forma, deve aprender a lidar com a frustração do desejo de satisfazer suas necessidades imediatamente. Como na fase oral, também os mecanismos desenvolvidos nesta fase influenciam o desenvolvimento da personalidade. O defecar imediato e descontrolado é o protótipo dos ataques de raiva; já uma educação muito rígida com relação à higiene pode conduzir tanto a uma tendência ao caos, aos descuidos, à bagunça quanto a uma tendência a uma organização compulsiva e exageradamente controlada. Se a mãe faz elogios demais ao fato de a criança conseguir esperar até o banheiro, pode surgir uma ligação entre dar (as fezes) e receber amor, e a pessoa pode desenvolver generosidade; se a mãe supervaloriza essas necessidades biológicas, a criança pode se desenvolver criativa e produtiva ou, pelo contrário, se tornar depressiva, caso ela não corresponda às expectativas; crianças que se recusam a defecar podem se desenvolver como colecionadores, coletores ou avaros. 


A fase fálica 


A fase fálica, que vai dos três aos cinco anos de vida, se caracteriza segundo Freud pela importância da presença (ou, nas meninas, da ausência) do falo ou pênis; nessa fase prazer e desprazer estão, assim, centrados na região genital. As dificuldades dessa fase estão ligadas ao direcionamento da pulsão sexual ou libidinosa ao genitor do sexo oposto e aos problemas resultantes. A resolução desse conflito está relacionada ao complexo de Édipo e à identificação com o genitor de mesmo sexo. 


Freud desenvolveu sua teoria tendo, sobretudo os meninos em vista, uma vez que, para ele, estes vivenciariam o conflito da fase fálica de maneira mais intensa e ameaçadora. Segundo Freud o menino deseja nessa fase ter a mãe só para si e não partilhá-la mais com o pai; ao mesmo tempo ele teme que o pai se vingue, castrando-o. A solução para esse conflito consiste na repressão tanto do desejo libidinoso com relação à mãe como dos sentimentos agressivos para com o pai; em um segundo momento realiza-se a identificação do menino com seu pai, o que os aproxima e conduz, assim, a uma internalização por parte do menino dos valores, convicções, interesses e posturas do pai. O complexo de Édipo representa um importante passo na formação do superego e na socialização dos meninos, uma vez que o menino aprende a seguir os valores dos pais. Essa solução de compromisso permite que tanto o ego (através da diminuição do medo) e o id (por o menino poder possuir a mãe indiretamente através do pai, com o qual ele se identifica) sejam parcialmente satisfeitos. 


O conflito vivenciado pelas meninas é parecido, contudo com mais possibilidades de solução. A menina deseja o próprio pai, em parte devido à inveja que sente por não ter um pênis, ela sente-se castrada e culpa à própria mãe por tê-la privado de um falo. Por outro lado, a mãe representa uma ameaça menos séria, uma vez que uma castração não é possível. Devido a essa situação diferente, a identificação da menina com a própria mãe é menos forte do que a do menino com seu pai e, por isso, as meninas teriam uma consciência menos desenvolvida - afirmação esta que foi rejeitada pela pesquisa empírica. Freud usou o termo "complexo de Édipo" para ambos os sexos; autores posteriores limitaram o uso da expressão aos meninos, reservando para as meninas o termo "complexo de Electra", mas que foi rejeitado por Freud no texto "Sobre a Sexualidade Feminina" de 1931. 


A apresentação do complexo de Édipo dada acima é, no entanto, simplificada. Na realidade o resultado da resolução do complexo de Édipo é sempre uma identificação como ambos os pais e a força de cada uma dessas identificações depende de diferentes fatores, como a relação entre os elementos masculinos e femininos na predisposição fisiológica da criança ou a intensidade do medo de castração ou da inveja do pênis. Além disso, a mãe mantém em ambos os sexos um papel primordial, permanecendo sempre o principal objeto da libido


O período de latência 


Depois da agitação dos primeiros anos de vida segue-se uma fase mais tranquila que se estende até a puberdade. Nessa fase a libido é desinvestida das fantasias e da sexualidade, tornando-as secundárias, mas reinvestida em outros meios como o desenvolvimento cognitivo, aprendizado, a assimilação de valores e normas sociais que se tornam as atividades principais da criança, continuando o desenvolvimento do ego e do superego. 


A fase genital 


A última fase do desenvolvimento psicossocial é a fase genital, que se dá durante a adolescência. Nessa fase as pulsões sexuais, depois da longa fase de latência e acompanhando as mudanças corporais, despertam-se novamente, mas desta vez se dirigem a uma pessoa do sexo oposto. Como se depreende da explanação anterior, a escolha do parceiro não se dá independente dos processos de desenvolvimento anteriores, mas é influenciada pela vivência nas fases anteriores. Além disso, apesar de continuarem agindo durante toda a vida do indivíduo, os conflitos internos típicos das fases anteriores atingem na fase genital uma relativa estabilidade conduzindo a pessoa a uma estrutura do ego que lhe permite enfrentar os desafios da idade adulta. 


A teoria psicanalítica dos transtornos mentais 


A melhor maneira de definir “distúrbio” é caracterizá-lo como deficiência psicológica com repercussão na área emocional e interpessoal. Este termo caracteriza uma faixa que vai desde formas neuróticas leves até a loucura, na plenitude do seu termo. 


Classificam-se os distúrbios mentais em 3 grandes tipos básicos: 

Primeiro tipo: neuroses


É a existência de tensão excessiva e prolongada, de conflito persistente ou de uma necessidade prolongadamente frustrada, é sinal de que na pessoa se configurou uma neurose. A neurose determina uma modificação, mas não uma desestruturação da personalidade e muito menos de perda de valores da realidade. Costuma-se catalogar os sintomas neuróticos em certas categorias, como: 


a) Histeria - Quando um conflito psíquico encontra saída através de conversões. Neste tipo de neurose, a ideia conflitiva com o ego é convertida em sintomas físicos, como cegueira, mutismo, paralisias, etc; que não têm origens orgânicas. Atualmente a histeria foi banida dos manuais psiquiátricos, o que leva muitas pessoas da área de saúde, inclusive psicólogos, a acreditarem que a histeria não existe mais. Porém, a histeria ainda existe e sempre existirá, mesmo que os sintomas possam variar de acordo com a sociedade e o tempo a que se refere. Algo bastante específico da histeria é sua referência ao corpo e à sexualidade, especialmente com questão a "o que é uma mulher?". 


b) de Ansiedade (de angústia) - a pessoa é tomada por sentimentos generalizados e persistente de intensa angústia sem causa objetiva. Alguns sintomas são: palpitações do coração, tremores, falta de ar, suor, náuseas. Há uma exagerada e ansiosa preocupação por si mesmo. 


c) Fobias - uma área da personalidade passa a operar por respostas de medo e ansiedade. Na angústia o medo é difuso e quando vem à tona é sinal de que já existia, há longo tempo. Se apresenta envolta em muita tensão, preocupação, excitação e desorganização do comportamento. Na reação fóbica, o medo se restringe a uma classe limitada de estímulos e representações objetais. Geralmente verifica-se a associação do medo a certos objetos, animais ou situações. 


d) Obsessiva-compulsiva: a obsessão é um termo que se refere a ideias que se impõem repetidamente à consciência. São por isto dificilmente controláveis. A compulsão refere-se a impulsos que levam à ação. Está intimamente ligado a uma desordem psicológica chamada transtorno obsessivo-compulsivo

Segundo tipo: psicoses


O psicótico pode encontrar-se ora em estado de depressão, ora em estado de extrema euforia e agitação. Em dado momento age de um modo e em outro se comporta de maneira totalmente diferente. Houve uma desestruturação da sua personalidade. O dado clínico para se aferir à psicose é a alteração dos juízos da realidade. O psicótico passa a perceber a realidade de maneira diferente, mas não menos real em sua percepção. Por isso afirma com convicção que tem percepções que nos parecem irreais não apoiadas nem justificadas na lógica e na razão. Nas psicoses, além da alteração do comportamento, são comuns alucinações (alterações dos órgãos dos sentidos: ouvir vozes, ver coisas, sentir cheiros ou toques) e delírios (alterações do pensamento sob forma de conspirações, perseguição, grandeza, riqueza, onipotência ou de predestinação). As Psicoses se manifestam como: 


a) Esquizofrenia - apatia emocional, carência de ambições, desorganização geral da personalidade, perda de interesse pela vida nas realizações pessoais e sociais. Pensamento desorganizado, afeto superficial e inapropriado, riso insólito, bobice, infantilidade, hipocondria, delírios e alucinações transitórias. (Consultar DSM-V ou CID 10 para mais subtipos) 


b) Maníaco-depressiva – caracteriza-se por perturbações psíquicas duradouras e intensas, decorrentes de uma perda ou de situações externas traumáticas. O estado maníaco pode ser leve ou agudo. É caracterizado por comportamento exacerbado, hipersexualidade. Os maníacos são cheios de energia, inquietos, barulhentos, falam alto e têm ideias bizarras, uma após outra. O estado depressivo, ao contrário, caracteriza-se por inatividade e desalento. Seus sintomas são: apatia, pesar, tristeza, desânimo, crises de choro, perda de interesse (embotamento afetivo) pelo trabalho, por amigos e família, bem como por suas distrações habituais. Torna-se lento na fala, não dorme bem à noite, perde o apetite, pode ficar um tanto irritado e muito preocupado. 


c) Paranoia – caracteriza-se, sobretudo por ilusões fixas. É um sistema delirante. As ilusões de perseguição e de grandeza são mais duradouras do que na esquizofrenia paranoide. Os ressentimentos são profundos. É desconfiado, agressivo, egocêntrico e destruidor. Acredita que os fins justificam os meios e é incapaz de solicitar carinho. 


d) Psicose alcoólica – é habitualmente marcada por violenta intranquilidade, acompanhada de alucinações de uma natureza aterradora. 

Terceiro tipo: psicopatias 


Os psicopatas não estruturam determinadas dimensões da personalidade, verificando-se uma espécie de falha na própria construção. As principais características das psicopatias são: diminuição ou ausência da consciência moral (Super eu). O certo e o errado; o permitido e o proibido não fazem sentido para eles. Desta maneira, simular, dissimular, enganar, roubar, assaltar, matar, não causam sentimentos de repulsa e remorso, em suas consciências nem sob forma de ação ou pensamento. O único valor para eles é o de seus interesses egoísticos: ausência de empatia; inexistência de alucinações; ausência de manifestações neuróticas; falta de confiança; busca de estimulações fortes; incapacidade de adiar satisfações; não toleram um esforço rotineiro e não sabem lutar por um objetivo distante; não aprendem com os próprios erros, pelo fato de não reconhecerem estes erros; em geral, têm bom nível de inteligência e baixa capacidade afetiva; parecem incapazes de se envolver emocionalmente. Não entendem o que seja socialmente produtivo. 


Desenvolvimento posterior 


A teoria freudiana é a mais influente das teorias do desenvolvimento da personalidade e dos transtornos mentais. Ela influenciou grande parte do pensamento psicoterapêutico durante todo o século XX. O trabalho de Freud influenciou todo seguimento social e até hoje sua contribuição é de suma importância para humanidade. É impossível compreender o pensamento contemporâneo sem que se tenha ao menos um conhecimento básico a respeito das ideias freudianas. 


O trabalho de Sigmund Freud foi continuado por sua filha Anna Freud. Outros autores procuraram desenvolver a teoria, enfatizando outros aspectos e procurando solucionar os pontos críticos, entre eles os que mais se destacam são os psicanalistas Heinz Kohut, Melanie Klein e Karen Horney; os humanistas Abraham Maslow e Carl Rogers; o fundador da psicologia do desenvolvimento individual Alfred Adler, o fundador da psicologia analítica Carl Gustav Jung e Erik Erikson psicanalista responsável pelo desenvolvimento da Teoria do Desenvolvimento Psicossocial na Psicologia e um dos teóricos da Psicologia do desenvolvimento. 


Diante de tantos desafios como: a depressão, ansiedade, suicídio, os vícios das redes sociais, parafilias, a dependência química, a violência, competividades exacerbadas, a busca neurótica da felicidade, do comércio da autoajuda, das seitas, duvidosas terapias e do relacionamento numa sociedade líquida. Requer esmero abissal nos estudos psicanalíticos sem limites... “Freud ainda explica” com novas configurações... 


Dr. A. Inácio José do Vale 

Psicanalista Clínico, PhD 

Professor e Conferencista 


Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea/RJ. E da Ordem Nacional dos Psicanalistas/RJ. 

Fontes: 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_psicanal%C3%ADtica 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Gustav_Jung

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artes médicas, 2000. 

ETCHEGOYEN, R. Horacio. Fundamentos da Técnica Psicanalítica 2ª ed. Porto Alegre-RS: Artmed, 2004. 

FRIEDMAN, Howard S. & Schustack, Miriam. Teorias Da Personalidade. Prentice Hall Brasil, 2003. 

OODWIN, C. James (2005). História da psicologia moderna. São Paulo: Cultrix, 2005. 

BETTELHEIM, Bruno. Freud e a Alma Humana. 5. ed. Trad. Álvaro Cabral. São Paulo: Cultrix, 1994. 

FREUD, Sigmund. Delírios e Sonhos na Gradiva de Jensen. Trad. Maria Aparecida Moraes Rego. Rio de Janeiro: Imago, 1997b. 

FREUD, Sigmund. O Mal-Estar na Civilização. Trad. José Octávio de Aguiar Abreu. Rio de Janeiro: Imago, 1997c. 

FREUD, Sigmund. A Interpretação dos Sonhos. Trad. Wanderedo Ismael de Oliveira. Rio de Janeiro: Imago, 1999. 

FREUD, Sigmund. Cinco Lições de Psicanálise; A História do Movimento Psicanalítico, O Futuro de uma Ilusão; O Mal-Estar na Civilização, Esboço de Psicanálise/Sigmund Freud. Seleção de textos de Jayme Salomão. Tradução de Durval Marcondes e outros. São Paulo: Abril Cultural, 1978. 

ROUDINESCO, Elisabeth. Sigmund Freud na sua época e em nosso tempo. Tradução André Telles, Ed. Zahar, Rio de Janeiro, 2016. 

GAY, Peter. Freud: Uma vida para o nosso tempo. Trad. Denise Bottman. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. 

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