quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

MARCAS DO NOSSO TEMPO

 

MARCAS DO NOSSO TEMPO


Com tantos aparatos e sozinho na multidão.

Muita informação e bastante descontextualização.



Solitário com som nos ouvidos

e com o barulho de muitas conversas 

e ausente de tudo. 

Ver tantas imagens e contemplar a escuridão.


Avança a ciência e o progresso tecnológico,

no entanto, 

a ansiedade e o nervosismo tomam conta.


Mente programada para o consumismo e controlada ao abismo do individualismo.


Vive no espaço imenso, todavia, preso. 

Com liberdade, porém, isolado.


Dorme na mesma cama, 

com uma terrível solidão

e bem distante do outro.


Angústia amarga e a vaidade desenfreada caminham com os antidepressivos 

não impedindo a perda dos mais próximos.


Palavras violentas, gestos agressivos,

escritos ameaçadores e convivência partida

são resultados da alma perturbada.


Culto ao corpo e vícios que desfiguram, mentem e acabam com tudo.


O prazer sem amor, amizade sem sinceridade, prática religiosa sem fé, 

vida de comunidade com politicagem

e boçalidade com aparência de intelectualidade configuram em suicídio moral 

e o físico em estado terminal.


Nada é sólido, profundo e duradouro

e sim a ditadura do virtual, parcial, superficial e infernal.


Marcas do nosso tempo, sentimento ao vento.


(Inácio José do Vale)

Nenhum comentário:

Postar um comentário