quarta-feira, 19 de abril de 2023

A NOVA EVANGELIZAÇÃO E CH. FOUC.

 

A NOVA EVANGELIZAÇÃO E CARLOS DE FOUCAULD


“A evangelização que sou chamado a viver não é através da palavra, mas através da presença do Santíssimo Sacramento, a oferta do sacrifício da Missa é através da oração e da penitência e da prática das virtudes evangélicas

- amor, fraterno e universal amor, a partilha, mesmo meu último bocado de pão com cada pessoa pobre, com cada visitante, cada estranho, e acolhendo cada pessoa como um irmão ou irmã amada”. Beato Charles de Foucauld Monge, Padre e Missionário. 

Todo o católico inserido numa comunidade paroquial, certamente acompanhou a realização do Sínodo dos Bispos para a Nova Evangelização, iniciado em 7 de outubro passado 

Por ocasião da Celebração Eucarística inaugurando o Sínodo dos Bispos, o Papa Bento XVI disse que “a igreja existe para evangelizar”. 

Com esta solene concelebração inauguramos a XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que tem como tema: “A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã”. Esta temática responde a uma orientação programática para a vida da Igreja, de todos os seus membros, das famílias, comunidades, e das suas instituições. Tal perspectiva se reforça pela providência com o início do Ano da Fé e do 50º aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II. Dentro desse contexto os 20 anos da elaboração do Catecismo. 


Disse o Papa: “Queria agora refletir, brevemente, sobre a Nova Evangelização, relacionando-a com a evangelização ordinária e com a missão ad gentes”. A Igreja existe para evangelizar. Fiéis ao mandamento do Senhor Jesus Cristo, seus discípulos partiram pelo mundo inteiro para anunciar a Boa Nova, fundando, por toda a parte, comunidades cristãs. Com o passar do tempo, essas comunidades tornaram-se Igrejas bem organizadas, com numerosos fiéis. Em determinados períodos da história, a Divina Providência suscitou um renovado dinamismo na ação evangelizadora na Igreja. “Basta pensar na evangelização dos povos anglo-saxões e eslavos, ou na transmissão do Evangelho no continente americano, e, em seguida, nos distintos períodos missionários junto dos povos da África, Ásia e Oceania...”. 


Na Celebração Eucarística de 7 de outubro, durante a Homília o Papa Bento XVI disse: “Também nos nossos tempos, o Espírito Santo suscitou na Igreja um novo impulso para proclamar a Boa Nova, um dinamismo espiritual e pastoral que encontrou a sua expressão mais universal e o seu impulso mais autorizado no Concílio Ecumênico Vaticano II. Este renovado dinamismo de evangelização produz uma influência benéfica sobre os dois “ramos” concretos que desenvolvem a partir dela, ou seja, por um lado, a missio ad gentes, isto é, a proclamação do Evangelho para aqueles que ainda não conhecem a Jesus Cristo e a Sua mensagem de salvação; e, por outro lado, a Nova Evangelização, destinada principalmente às pessoas que, embora batizadas, se distanciaram da Igreja e vivem sem levar em conta prática cristã. 

A assembléia sinodal que se abre hoje é dedicada a essa nova evangelização, para ajudar essas pessoas a terem um novo encontro com o Senhor, o único que dá sentido profundo e paz para a nossa existência; para favorecer a redescoberta da fé, a fonte de graça que traz alegria e esperança na vida pessoal, familiar e social. Obviamente, esta orientação particular não deve diminuir nem o impulso missionário, em sentido próprio, nem as atividades ordinárias de evangelização nas nossas comunidades cristãs. Na verdade, os três aspectos da única realidade de evangelização e completam e se fecundam mutuamente”. 


Podemos afirmar que o Beato Charles de Foucauld foi um grande motivador e missionário da Nova Evangelização, como propõe o Santo Padre Bento XVI na Homília de conclusão do Sínodo: “A nova Evangelização diz respeito a toda a vida da Igreja”. Ele foi fiel a Igreja na missão desafiadora aonde muito não chegaria e hoje pode chegar. Ele disse: “Our hearts, like that of the Church, like that of Jesus, must embrace all humanity" =.Nossos corações, como a da Igreja, como a de Jesus, deve abraçar toda a humanidade”. 


Diz Bento XVI, “Nós precisamos não apenas do pão material, precisamos de amor, de significado e de esperança, de um fundamento seguro, de um terreno sólido que nos ajude a viver com dificuldades e nos problemas cotidianos. A fé nos dá exatamente isto: é um confiante confiar em um “Tu”, que é Deus, o qual me dá uma certeza diferente, mas não menos sólida daquela que me vem do cálculo exato ou da ciência. A fé não é um simples consentimento intelectual do homem e da verdade particular sobre Deus; é um ato com o qual confio livremente em um Deus que é Pai e me ama; é adesão a um “Tu” que me dá esperança e confiança”. (Audiência Geral em 24/10/2012). 


Os grandes líderes, os santos, os mestres abissais e os heróis são uma conexão histórica de grandes homens e grandes idéias que ocorrem no momento certo da divina providência. O beato Charles de Foucauld foi este homem que revelou para nós uma fé profunda na confiança em Deus. Livre na busca do Absoluto, ele mostra-nos o caminho real do sentido da vida. Vida em Deus, vida no irmão, vida eterna. 


É extremamente indicativo o fator excitativo, exótico, místico e misterioso na vida do beato Charles. Sua jornada religiosa como monge, padre, missionário e eremita no deserto, revela uma busca ardente, um encontro impactante e um ideal supremo. Tudo isso para “gritar o Evangelho com a vida”. Em Charles o amor ao próximo é a entrega total ao Bom Deus em prol do último lugar. 


A vida do beato Charles é uma profunda obra missionária que sempre se renova na família foucauldiana e na descoberta da sua espiritualidade. Vamos praticar o seu pensamento: “Ser tudo para todos, com um único desejo no coração: o de dar Jesus às almas”. 


Bem-aventurados Charles de Foucauld (1858-1916), padre, eremita e missionário no deserto africano. Apóstolo do Saara.

Carta a Joseph Hours, 03 de maio de 1912.

Começou a enviá-los

Ser apóstolo, mas por que meios? Por aqueles que o Senhor põe à disposição de cada um: os padres têm os respectivos superiores, que lhes dizem o que devem fazer. Os leigos devem ser apóstolos para com todos aqueles a quem podem chegar: parentes e amigos, mas não só eles; a caridade não é estreita, alcança todos àqueles que o Coração de Jesus abraça.

Por que meios? Pelos melhores, tendo em conta aqueles a quem se dirigem: com todos aqueles com quem se relacionam, sem excepção, pela bondade, a ternura, o afeto fraterno, o exemplo de virtude, a humildade e a doçura, sempre atraentes e tão cristãs. Com alguns, sem lhes dizer nunca uma palavra sobre Deus ou sobre religião, tendo paciência como Deus tem paciência, sendo bom como Deus é bom, sendo um irmão terno e rezando. Com outros, falando-lhes de Deus na medida em que conseguem atingir; a partir do momento em que chegam à ideia de procurar a verdade pelo estudo da religião, pondo-os em contato com um sacerdote bem escolhido e capaz de lhes fazer bem. Sobretudo, vendo em cada homem um irmão.

Disse Charles de Foucauld: “Minha missão deve ser o apostolado da bondade. A meu ver, deverão dizer 'Já que este homem é tão bom, também sua religião deve ser boa'. Se alguém me perguntar por que eu sou manso e bom, deverei responder: 'Porque eu sou servidor de um outro que é muito melhor do que eu. Se soubesse como é bom o meu Mestre Jesus!'. Quero ser tão bom que possam dizer de mim: 'Se o servidor é assim, como não será o Mestre!”.

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