SOCIEDADE DEMOLIDORA
Vivemos numa sociedade demolidora da positividade humana. Há uma engenharia constante para incentivar as coisas ruins. São mais diversas apresentações de modalidades perniciosas.
As propagandas são incentivadoras da idolatria do consumo e o próprio ser humano torna-se mercadoria. As redes sociais boçalizam de forma abusiva e cruel. A mídia explora as notícias de violência, enganosa e é uma usina de repetições de matérias banais e alienantes. Tudo pela ganância do capital.Há uma indústria de fazer pessoas desequilibradas, pessimistas, tóxicas e doentes. Quantas pessoas absorvem a manipulação desse sistema e tornam-se máquinas destruidoras. O que mais se ver são pessoas boçais, agressivas, mentirosas, gananciosas, egocêntricas, falam demais, criticam bastantes, censuram, julgam e condenam. Outras tomadas pelos vícios lícitos e ilícitos, pelo controle dos remédios, pela chantagem emocional, pelo abuso do cônjuge, pelo assédio do chefe no trabalho e pela exploração religiosa.
Há um esquema em cegar o foco no sucesso, na vida bem-sucedida, na arte, na cultura do bem comum, em novos empreendimentos e numa verdadeira educação em prol de grandes realizações. É a desconstrução da dignidade da pessoa humana. É gritante a ausência da pedagogia das coisas positivas, das virtudes, de sentimentos nobres, de fraternidade e de qualidade de vida.
O sistema é impiedoso, principalmente com as crianças e os adolescentes. De acordo com as pesquisas realizadas em neurociência social pela Dra. Tracy Vaillancourt na Universidade de Ottowa, no Canadá (*), os adolescentes – que estão rodeados pela competitividade e críticas típicas daquela idade – podem ser expostos ao assédio e ao abuso psicológico que podem ter um efeito negativo permanente sobre sua autoestima.
Pensando nesta afirmação, podemos imaginar viver em meios as críticas, abusos, exclusão e atitudes negativas, tal pessoa se torna refém de deficiências profundas em todo seguimento de sua vida. A morte é silenciosa do seu ser interior. Assassina primeiro a alma, depois o corpo. Antes do óbito de ambos, uma vida doente, infeliz e causadora de transtornos para os outros. Existe um esquema de grande promoção em prol do ódio para desconstruir o amor e banalizar sentimentos. Articula em proporção gigantesca as incompatibilidades para desestruturar psicologicamente o indivíduo.
Encontrar alguém com capacidade de escuta sem criticar, censurar, julgar e condenar, não é nada fácil! Um profissional que auxilie reencontrar, ressuscitar, configurar a vida em uma nova dimensão curativa, libertadora e imensurável; preenche esse espaço terapêutico de forma abissal é o psicanalista.
A análise conduz o paciente a autorreflexão, autoconhecimento e ao autoaperfeiçoamento. Ele vai receber mecanismo de defesa e ferramentas para uma vida saudável. A psicanálise faz o indivíduo não cair nas armadilhas da sociedade demolidora.
Dr. A. Inácio José do Vale
Psicanalista Clínico, PhD
Escritor e Conferencista
Professor de Pós-Graduação na Faculdade Norte do Paraná
Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea/RJ. E da Ordem Nacional dos Psicanalistas/RJ.
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(*) A Dra. Tracy Vaillancourt é uma catedrática de Pesquisa do Canadá em Saúde Mental Infantil e Prevenção da Violência na Universidade de Ottawa, onde ela é designada como professora titular em Aconselhamento Psicológico e na Escola de Psicologia. Ela também é membro eleito do Colégio da Royal Society of Canada. A pesquisa da Dra. Vaillancourt examina as ligações entre o bullying e a saúde mental, com um foco particular na neurociência social. Atualmente, ela é financiada pelos Institutos Canadenses de Pesquisa em Saúde, pelo Conselho de Ciências Sociais e Humanidades do Canadá e pela Fundação de Saúde Mental de Ontário. A Dra. Vaillancourt também é professora adjunto do Departamento de Psicologia, Neurociência e Comportamento da McMaster University e membro principal do Offord Center forChild Studies. Ela recebeu seu BA, MA e Ph.D. da University of British Columbia (desenvolvimento humano), seu diploma de pós-doutorado da Universidade de Montreal e da Universidade de Laval (psicologia do desenvolvimento) e pós-doutorado em especialização em psicologia infantil aplicada (clínica) pela Universidade McGill.
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