ESCUTAR É UMA ARTE

“Falar é uma necessidade, escutar é uma arte”.

 Johann Goethe (1749-1832), poeta, romancista, dramaturgo e estadista alemão do Sacro Império Romano-Germânico que também fez incursões pelo campo da ciência natural. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu, nos finais do século XVIII e inícios do século XIX. Sua obra-prima, é o drama trágico Fausto.

 

Escutar é a pedagogia e o sucesso do sábio. Falar demais é atitude do tolo e de sua infelicidade. Quem tem a arte de escutar, fala pouco, e o pouco com muita sabedoria. O falador não sabe escutar e a sua falação é tolice.

 

Saber ouvir é ser educado e ter bom senso. Escutar é a arte de pessoas incríveis e de excelentes profissionais. Ouvir é prata e escutar é ouro. 

 

Psicanálise

 

Solicito-lhe meditar profundamente nesse pensamento de Goethe “Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és. Saiba eu com que te ocupas e saberei também no que te poderás tornar” (1).

 

Quem se ocupa na arte de escutar e do silêncio, a sua vida é detentora de sucesso no presente e no futuro. Quem se ocupa em falar da vida dos outros e quem se preocupa em ouvir o falador e com ele anda, não tem presente e nem tão pouco futuro. Os tais detém maldições e derrotas.

 

O indivíduo se realiza na elegância da palavra, na educação comportamental, no respeito consigo mesmo e com outro. Tendo consciência de sempre evoluir para o belo artístico, a poesia, a literatura clássica, a espiritualidade e com a terapia viver no autoconhecimento.

 

Dr. Sigmund Freud, médico psiquiatra austríaco e criador da psicanálise, ao dar cada vez mais espaço para o que escutava de forma diferente, no contato com seus pacientes, Freud pôde construir “tanto um novo ramo do conhecimento quanto um método terapêutico” (1940 [1938], p. 91) (2).

 

A psicanálise surge e se desenvolve na arte da escuta e a partir da escuta singular à qual se propõe aliviar a dor e o sofrimento do paciente. 

 

A arte da escuta e do silêncio

 

Dois tipos de indivíduos que são portadores de várias incompatibilidades, de péssimos relacionamentos e resistentes ao tratamento psicológico: o mentiroso e o falador. Os dois têm ojeriza a escuta e ao silêncio. São patológicos, indecentes e perversos.

 

O processo de comunicação: falar, ler, escrever e os sinais é inerente a convivência humana, no entanto, ser portador da arte da escuta, é um aprendizado que requer uma pedagogia de profunda delicadeza, serenidade e dignidade. Ter a ciência da escuta é possuir a educação do silêncio. Há uma abissal conexão em escutar e silenciar!

 

O silêncio propicia um sagrado espaço para repensar, meditar, mastigar analisar as palavras e evoluir para melhor, ou seja, o autoconhecimento. Disse o célebre compositor alemão Ludwig van Beethoven: “Nunca quebre o silêncio se não for para melhorá-lo”.

 

A arte da escuta e do silêncio são procedimentos elegantes e intelectuais. São exercidos por excelentes pais, mães, profissionais e líderes. O psicanalista é por excelência mestre nessa arte!

 

Dr. Inácio José do Vale

Psicanalista Clínico, PhD.

Qualificado em Psicologia Clínica e Educacional

Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea/RJ.

Autor do livro Terapia Psicanalítica: Demolindo a Ansiedade, a Depressão e a Posse da Saúde Física e Psicológica 

 

Fontes:

(1) https://www.pensador.com/frase/OTE5Mg/

 (2) FREUD, S. (1940 [1938]). Esboço de psicanálise. In: Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1976. vol. XXIII.